sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O AMOR TAMBÉM SE ABATE


Ontem, ao final da tarde estava a conversar com uma amiga, quando ela recebeu uma mensagem do namorado. Ficou branca. Mostrou-ma e perguntou-me como é que eu interpretava aquilo. Não soube responder. Disse-lhe que o melhor era perguntar-lhe a ele. Ela foi para uma outra sala e ligou-lhe. De repente ouço uma espécie de choro e gritos! Fui ver o que se passava e ela estava em pranto caída sobre o cadeirão! Acabou tudo! Assim, de um momento para o outro! Finito! Já não te amo! Quero sentir-me livre! A nossa relação não tem futuro! Olé!

Arre! Que puta de vida! Ainda a semana passada tinham tirado uma semana de férias juntos no estrangeiro. Quando regressaram ela vinha com um ar divinal e eu exclamei: "Meu deus! O que o amor faz às pessoas! Torna-as muito mais bonitas! Dá-lhes juventude e um brilho esplendoroso!" A semana passada!

De um momento para o outro tinha um trapo velho, jogado no lixo, mesmo ali, à minha frente. A dizer: "Dói tanto, dói tanto! O que é que eu faço à minha vida? Como é que eu páro esta dor, como é que eu vou superar isto?" Não tenho palavras! Nada me ocorre num momento destes! E nada serve de nada, bem o sei. Conheço essa facada que atravessa o corpo e nos leva todo o sangue.
Trouxe-a comigo para casa e ficamos a conversar até à noite.

- Como é que vou sorrir para os meus filhos! Achas que eles vão dar conta?

- Vais conseguir sorrir porque para os filhos nós temos sempre um sorriso, até nos momentos mais difíceis e as crianças não reparam nessas coisas, estão entretidas com o mundo deles, não te preocupes. - Tentei sossegá-la

- Como é que é possível! Há dois meses atrás ele pedia-me "nunca me deixes", e agora faz-me isto?! - Disse banhada em lágrimas.
- Não sei! Nunca entendi os homens! Nunca poderei entender os homens! Têm comportamentos absolutamente inexplicáveis! Espero tudo de um homem e não espero nada! É assim que encaro a minha relação e o amor - Hoje é, amanhã não sei o que será. Vivo com a maior das intensidades. Mas não espero que seja para sempre. E estou preparada para mais um golpe. Chegamos a uma dada altura que já não custa tanto. O amor passa a ser uma ferida aberta, parece que nunca cicatriza, porque vem mais um e dá mais uma pancada. Habituamo-nos!- Respondi.

-És capaz de ter razão. Não posso acreditar no que me está a acontecer! Se visses a frieza dele! Tem consciência da dor que me está a causar mas falou com uma insensibilidade! Afinal porque é que andava comigo? Sinto-me tão envergonhada! Como é que eu vou encarar as pessoas?

- Tens vergonha de quê e porquê? - Perguntei-lhe constrangida com a crise de choro .

- Porque eu andava tão feliz... dizia a toda gente como me sentia feliz e que ele era um homem maravilhoso. Que lhes direi agora? Que vergonha!
- Céus! É por isso que tens vergonha! Amar e estar feliz, estar feliz e mostrar aos outros que se está feliz. Afinal não é a coisa mais natural do mundo? Nínguém consegue esconder a felicidade que o amor nos dá, ela reflecte-se nos olhos e os lábios não param de sorrir. E não dá vontade de contar a toda a gente, de cantar e dançar na rua, de falar alto, cumprimentar todas as pessoas que passam por nós...? Como é que podemos ter vergonha de nos termos sentido assim? É o melhor sentimento que podemos ter... - Tive de me calar que ela já estava a esboçar um sorriso mas, de repente voltou às lágrimas e ao desespero.

- Sinto tanta vergonha! O que é que eu vou dizer ás pessoas?

- Nada, deixa as coisas acontecerem naturalmente, só isso. Não temos de ter vergonha de nada. As relações são assim, o amor é assim!

Quando comecei a sair com este namorado eu julgava que ele era mais velho do que efectivamente é. E ele julgava que fosse mais nova do que efectivamente sou. De maneira que, quando ele me disse a idade, eu ia caíndo da cadeira. Pedi-lhe o B.I para confirmar. Catorze anos mais velha do que ele! Ia-me dando uma coisa! E agora? O que faremos! Fiquei desolada! Que vergonha! Como é que ia dizer às pessoas a idade dele? Ou ele a minha? E ele só repetia "Eu gosto de ti. Eu não quero saber da idade, não me importo com isso. As pessoas não são números, são o que são. E eu gosto de ti. Não quero saber dos outros. Que importa o que os outros pessam ou não pensam". E eu também gosto dele. Ele é tão delicioso! Quando me perguntam a idade dele eu ainda respiro fundo, disfarçadamente, para responder. Mas, sinceramente, nada no amor nos pode envergonhar. Todas as pessoas que me conhecem sabem como eu ando feliz desde há três meses para cá. E creio que todas as pessoas que não me conhecem também o sabem, porque nota-se no rosto. É impossível esconder a felicidade! Se isto terminar eu ficarei muito triste. Porque ter vergonha? E que nos importam os outros ou o que os outros pensam de nós?
Estas situações inesperadas que nos causam tristeza profunda fazem-me pensar ainda mais, o quanto é importante viver um dia de cada vez, viver o agora, aproveitar intensamente cada momento.
É que, a felicidade pode ser uma estação do ano. A vida pode ser um pesadelo para o qual despertas. O amor pode não ser o amor. Por outras palavras:
A vida é dura e o amor é fodido!

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