terça-feira, 29 de março de 2011

MAIS ESPINHOS DO QUE FLORES


Os meus pombos gostam da chuva e de chapinharem
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Tenho andado muito espinhosa! Mais do que é habitual e do que aquilo que eu desejaria! Por isso, andei isolada do mundo, quase abandonei o escritório, afastei-me dos meus amigos e perdi-me na escrita, na leitura, na música e no video-clube, estraçalhei muitos maços de tabaco, bebi algumas garrafas de vinho, e não verti uma lágrima. Isolei-me, porque, não era propriamente  tristeza o que eu sentia, era uma espécie de fúria interior, revolta, vento, tempestade. Uma miscelânea de sentimento azedados. Era como se fosse um pé sem rosa, carregado de espinhos! Quando estou triste dá-me para chorar e descansar e chorar. Mas não era tristeza o que eu sentia, era angústia! Como se tivesse um cão a ladrar incessantemente dentro mim com vontade de morder - até criei um outro blogue para poder ganir à vontade!
Tive de me isolar para combater esse raro e inquietante sentimento, para evitar ferir pessoas e de me ferir. Tudo me causava fastio e irritação. Eu era uma irritação para mim própria! Ás vezes sentia vontade de enfiar as mãos pela boca e arrancar tudo cá para fora, arrancar o coração, arrancar a alma!
É bem verdade que depois da bonança vem a tempestade e depois da tempestade a bonança e depois da bonança... é sempre assim, são ciclos. A uma fase ótima seguiu-se uma fase de sentimentos intensos a que se seguiu uma de perda e fracasso. A complexidade do nosso eu, a impossibilidade de comandarmos certos aspectos da nossa vida,  a incapacidade para nos conformarmos com certas coisas!
Mas como eu sempre digo, não sei ser infeliz, a infelicidade cansa-me, tenho vindo a recuperar a auto-estima, já pus o trabalho em dia, já pedi desculpas aos meus amigos/as, comecei lentamente a ganhar ânimo e hoje sinto-me bem, sinto-me tranquila - apesar de não ter dormido nada esta noite por via de um velório que houve mesmo em frente às minhas janelas, suei durante a noite com o edredon por cima da cabeça, quase roí as unhas por não ter tido coragem para ir fumar um cigarrito e a luz, claro, ficou toda a noite ligada! É o que eu digo, por aqui morre-se sempre nos fins-de-semana!

Deixo aqui a bela LIÇÃO DE VOO Nº 1

Não disse nada porque nada havia para dizer,
Amordacei as horas por preencher.
Não disse nada porque nada havia para dizer,
Eventualmente o peito deixa de doer.

Hoje toquei num avião sem tirar os pés do chão.

Não me deixes ver
para além de ti
não faz sentido.

2 comentários:

Leo disse...

"Mas como eu sempre digo, não sei ser infeliz, a infelicidade cansa-me, tenho vindo a recuperar a auto-estima" ;)

Mais espinhos que flores, mas flores estão lá... e mais vale uma flor do que 1000 espinhos.
"Não me deixes ver para além de ti não faz sentido"
Tu sabes...

Leo

espinhos e outras flores disse...

Obrigada Leo.
A letra é espectacular, de facto e a música também.
Ah, tenho pena não conseguir entender a letra da outra, apesar de ser em português, o som não me permite captar todas as palavas, mas a música é muito intensa!!