segunda-feira, 11 de agosto de 2008

MONDAY NIGHT


Em frente ao computador, em busca de nada. Um nada triste, porque não tem definição de coisa alguma.
É noite. Noite nublada, Em frente a mim tenho um cenário digno de uma fotografia - gosto de fotografar tudo o que vejo, que hei-de fazer?!
Janela fechada. Persiana aberta. A noite é nublada e estranhamente clara! Vejo a parte de cima de uma igreja, mesmo aqui a escassos metros de distâcia. Por detrás, ergue-se uma árvore enorme, que a minha incultura diz ser um carvalho. Sim, só pode ser um carvalho. Mas do lado de cá do vidro, a imagem é recortada pela minha árvore de estimação, cujo nome nunca tive curiosidade em saber.
Seguro um cálice. Faço rodar o vinho que ainda resta no fundo e encosto-o ao nariz. A imagem da janela vista através do vidro embaciado pelo vinho não perde o encanto. Tudo é arte, enquanto a minha vista não ficar embaciada.
Ouço, à distância, o som da televisão. Tenho o estranho vício de a manter ligada, mesmo quando não estou na sala. Dizem que a solidão é uma companhia silênciosa e eu gosto de lhe dar voz.
Finalmente entrei de férias. Este fim de semana passeei e dormi pelas praias de Torres Vedras. Com a mesma indiferênça - diga-se - com que me passeio e durmo por aqui.
Esta noite convidaram-me para beber champanhe e dar uma queca. Não disse que não e não disse que sim. Disse que não podia. Inventei uma história ternurenta, para não ferir susceptibilidades. Menti - declaro com a mesma indecência com que declaro a verdade. Ignorei o champanhe e a pessoa com a indiferênça com que digo tudo isto. E fico aqui, envolta na nuvem de fumo que os cigarros estraçalhados pela minha boca vai gerando, a teclar e a olhar artisticamente para a minha janela. E a pensar que champanhe é melhor que vinho. Mas que uma queca, sendo melhor que vinho e que champanhe, deve ser desejada. E dizem que há solidão!
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Dance Little Sister - Terence Trente Darby

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