segunda-feira, 11 de agosto de 2008

INSTANTES QUASE REAIS


Agora, que me reconstitui - ou quase - penso, em como a vida nos arrasta suave ou tempestuosamente. Como tudo se transforma. Como o belo se torna feio e como o insignificante pode valorizar-se. Como tudo é efemero! Até a própria vida!

Não quero voltar a apaixonar-me. Não.
Não quero voltar a amar. Não.
Não quero vestir-me de negro.
Não quero cantarolar músicas tristes em noites quentes de Verão. Não!
Não quero sentar-me a ouvir silêncios pesados ao nascer do dia.
Não quero esperas geladas de descontentamento.
Nem momentos insuflados de vazios.

O que eu quero é deslumbrar-me.
Simplesmente, deslumbrar-me.
Porque o deslumbramento não deixa marcas, cicatrizes dolorosas. Toma-nos, por inteiro, dos pés aos cabelos, em trémulos abalos de vida. Agita-nos como um tornado. E depois desfaz-se, evapora-se, desaparece! E deixa-nos um prolongado sorriso de satisfação, que vai agonizando, lentamente, noite após noite, até um dia ser dia.
Só restará a memória feliz.

Tenho - dizem - o dom de guardar na memória, apenas os momentos felizes. É claro que todos os momentos levam o seu tempo até se tornarem memória. Mas os deslumbramentos são tão breves, que passam quase instantâneamente a instantes memoráveis.
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All the young dudes - Gene Loves Gezebel

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