quinta-feira, 14 de agosto de 2008

CASAMENTOS HOMOSEXUAIS

Vivemos numa sociedade hipócrita. Sempre nos opusemos a todo o tipo de evolução. A igreja é a principal opositora da natural evolução humana ou cientifica. As mentalidades evoluem a um ritmo muito inferior ao da evolução cientifica. Aceitamos fácilmente um acordo ortográfico (ou será hortográfico?), mas regeitamos a ideia de um casamento homosexual! Será que as calças têm alguma coisa a ver com o cu?
O casamento, antes de se converter em lei, já era uma instituição secular. As instituições e as leis geram-se sempre nos costumes e vontade do Homem. Porque servem o Homem. De uma forma mais radical, servem os interesses dos homens. A homosexualidade sempre existiu. Sendo uma minoria, tende a ser oprimida e regeitada. Mas ninguém ignora a sua existência. Ao longo dos séculos lutamos pela consagração dos direitos humanos. Acabamos com a escravatura. Não conseguimos erradicar a pena de morte, mas a tendência será, certamente, para o fim. Então porque não aceitamos a homosexualidade? Não é transmissivel. Nem sequer é uma doênça. Não é uma opção (pois dada a discriminação que existe, ninguém no seu perfeito juízo diria: "apetece-me ser homosexual, por isso, a partir de hoje, é o que vou ser!" - só mesmo um gato fedorento!). Penso que nasce com a pessoa. E a pessoa não é menos pessoa por isso.
O casamento é uma instituição que se reje por leis. As leis estão sempre a mudar! É a necessidade de se adaptarem às novas exigências sociais que impele a mudânça. Precisamente porque são criadas pelo homem, no interesse deste e ao serviço de toda a sociedade. Porque é que o conceito tradicional de casamento não pode sofrer uma natural mudança no interesse de toda a sociedade? Aqui voltamos ao significado de minorias.
No velho regime proíbia-se o divórcio. Este só era considerado mediante determinadas circunstâncias, e havia o estigma social. Mas as mentalidades evoluiram e tornou-se necessário adaptar as leis. E o estigma desapareceu. As mentalidades! Sempre as mentalidades!
E nem sequer se diga que a união de facto já legislada se estende aos homosexuais, garantindo a sua protecção. Só quem não conhece as leis pode afirmar uma coisa dessas. Uma pessoa que viva em união de facto com outra pessoa uma vida inteira, não está protegido pelas leis da sucessão. Melhor dizendo, não é herdeiro desta. E, se não acautelou os seus interesses devidamente, pode ver-se confrontado com o facto de vir a perder bens adiquiridos á custa do seu trabalho, a favor dos familiares mais próximos do falecido companheiro. Já quanto às pensões de reforma, acaso o cidadão comum sabe que tem de instaurar um processo judicial extremamente complexo e demorado para poder beneficiar do subsidio de reforma do companheiro? E que raramente acaba por conseguir benificiar deste?
Pois é! Casamento e união de facto são realidades jurídicas completamente distintas! Se o não fossem, que sentido faria existirem leis distintas? Mas ilude-se o povo com conversas da treta, o pior é quando os problemas tocam na pele de cada um individualmente considerado.
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A questão da adopção é outra falsa questão. Afinal o que é que se pretende proteger negando a possibilidade de adopção a um casal homosexual? É o estigma social eventualmente a ser sofrido pela criança adoptada? É o receio de aqueles pais (tiranos) não protejam o interesse do menor e abusem dele? Ponderemos! São, também eles, falsos problemas. Vejamos. As crianças que crescem em instituições socias sofrem sempre o estigma social, só por esse facto. Crescem sem amor, com regras desprositadas, e mal preparados para um futuro que se prevê "á deriva". Atingem a maioridade e têm de se fazer à vida, a maioria das vezes sem quaisquer recursos. Muitas delas são abusadas sexualmente dentro da própria instituição, senão pelos adultos que lidam com elas, pelos mais velhos que geram uma espécie de hierarquia e poder, criando escravaturas das mais varidas espécies.
Por outro lado, quantos pais biológicos desprezam, maltratam e até abusam sexualmente dos seus filhos? Mas os homosexuais são, só por isso, pessoas com má formação, abusadores e incapazes de amar?

Uma das pessoas que foi mais importante na minha vida é homosexual. Ás vezes páro e olho para o passado com grande saudade e nostalgia. Porque nunca tive uma amizade como aquela - que se perdeu devido à distância e a percursos dispersos. Mas, ao longo da minha vida, nunca encontrei outra criatura que pudesse partilhar comigo da mesma forma, com a mesma intensidade, carinho e desinteresse. Ele foi a melhor pessoa com quem já me cruzei! Afinal o que é que o distingue das outras pessoas?
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Love will tear us a part - Jose Gonzales

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