segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

COISAS FOLEIRAS



Sinto, às vezes, que andas por aqui,
que passeias sobre a minha pele.
Que desces o umbigo, em círculos lentos.
E que o vulcão desperta do entorpecimento.
Depois atravessas o vale como um estrangeiro curioso.
Amanhece, amanhece em mim um dia claro e translúcido.
É então que sobes as montanhas
e te sentas no cume a fazer-me cócegas.
Estou tão desperta e inquieta que já não sei do tempo.
E o tempo também já não sabe de mim.
Segues, a palmilhar o peito, rumo ao pescoço.
Mordendo ao d'leve como quem tem fome.
E eu já caída, atordoada,
Quase a suplicar para que tardes,
retardes, permaneças.
E tu, lânguido e maroto,
de sorriso em punho, sussurras-me ao ouvido,
bafo ou brisa que me contorce e multiplica.
Já não sei das origens, nem do norte,
nem vejo estrada ou caminho.
Decides, então, escalar-me as palpebras,
fechar-me os olhos e pedir-me que adormeça.
.
Everybody's Got To Learn Sometimes - Beck

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