sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

ESTA NOITE ESTOU SÓ E TRISTE

Foto: Viagem nocturna de cacilheiro ao longo do Tejo
(O Cristo Rei a namoriscar a Ponte 25 de Abril)
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Estou triste. Confesso de lágrimas nos olhos.
Há muito que não sentia o coração pulsar como fizeste que pulsasse. Há muito que não sentia alguém tão próximo e aconchegante. Que não recebia tantos beijos e palavras doces. Que uns braços não me apertavam com tanta firmeza.
Tu fazias dos meus dias um cântico de natal e as nuvens haviam partido. E eu ria, ria! E tua rias comigo.
Ninguém, além de ti, descreveu paisagens que eu pudesse tocar e sentir. Nunca ninguém, além de ti, me falou da força do amor de forma tão perfeita e intensa!
Estou triste e de lágrimas nos olhos.
Há muito que não dançava da forma como dançavamos sob o cheiro da baunilha e da canela, ao som do jaz. E a lua tão redonda a bater-nos na janela, enquanto os teus gatos ciumentos miavam atrás da porta!
Eu sonhei, mas estou triste.
Sabes, eu já tive uma vida antes de ti. Eu tenho uma vida. Eu terei uma vida depois de ti. Não deverias sabê-lo?
Sabes, ter uma vida significa ter vontade própria e capacidade de decisão. Significa ter responsabilidades, direitos e deveres, autonomia e liberdade. Não pode haver partilha e liberdade quando a vontade de um se assume de forma autoritária, quando um agarra as rédeas do destino do outro.
Deste-me as asas, mas cortaste-me o voo.
Estou triste.
No dia em que nos conhecemos perguntaste-me se eu estava só por opção. Disse-te que não estava só por opção, mas por obrigação. Perguntaste porquê e eu repondi que gostaria de ter uma companhia, mas que cada homem que acabo por conhecer é mais imbecil que o anterior.
Por obrigação, regresso à minha solidão.

Adeus.

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