terça-feira, 8 de dezembro de 2009

TERNURAS



É neste momento único, individual e intransmissivel, trazido pelo anoitecer, que te pergunto se já fizeste o prezépio e a árvore de Natal? Porque hoje toca um sino dentro de mim - à força de tantas badaladas que me chegam da igreja cá do sítio. Que eu própria já não sei se é cântico se é pio - mas profetizo, intímamente, qualquer coisa de sagrada!
Podiamos ir ao monte apanhar musgo verde, aproveitavamos as pratas dos maços de tabaco para fingir as àguas do rio, trazias azevinho aí do campo e eu punha as ovelhas, os pastorinhos e demais personagens. A título de permuta tu punhas o espaço, eu colocava as luzes, tu punhas a ceia de Natal e eu levava o vinho, o bolo rei, as filhóses, as rabanadas e o enigma com que haveria de te presentear.
E tudo isto num gesto tão simples como dares-me a mão, a palavra e o céu.
Não?
Deixa lá.
Eu sonhava.
De uma forma tão ampla e divinal que me parecia o horizonte, inteiro, debaixo dos nossos pés!


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Struggle For Pleasure -Wim Mertens


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