sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

AMBIGUIDADES


Nunca tão bem soube como hoje sei, que não sei o que quero.


É tão mais fácil saber o que se quer, quando o coração nos fala, ainda que nos diga o que não queremos saber!


Como poderemos tomar decisões quando não sabemos o que queremos? O que poderá resultar das mesmas? E da falta delas?


Entre a espada e a parede. Se recuo embaterei de costas no cimento. Nem mais um passo a dar, apenas a estática das coisas que não acontecem e a dinâmica do pensamento que me trará imagens irreais do que poderia ter acontecido. Mas nunca saberei mais do sei agora. Se avanço poderei dançar no fio da espada, equilibrio e desiquilibrio num abrir de braços, a medo, a gosto, vai não vai no pulsar das emoções, sob o risco de me cortar.
Mas o que me atrapalha não é a enorme sombra que se estende da parede atrás de mim e se reflecte na lámina à minha frente. Nem é a lámina que brilha sedutora e ameaçadoramente. O que me atrapalha é esta falta de atrapalhamento. Quando sei o que quero não hesito: decido, se tiver de decidir, ainda que com o peito a explodir de medo ou de emoção. O pior é esta inércia, esta falta de tormenta, este bater silencioso dentro do peito.


Vou deixar para amanhã o que podia fazer hoje, não é melhor a política, mas não encontro o tranpolim que me poderia fazer dar o salto. E se amanhã for tarde? E se um dia, uma hora, um minuto apenas, decidir por mim?


Reconheço que não ando muito bem das ideias. Voltei cheia delas e de entusiasmo e mal cheguei, num abrir e fechar de olhos, perderam-se!

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She Rode Me Down - Tindersticks

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