quinta-feira, 1 de julho de 2010

TAKE A BREAK


"À minha incapacidade de viver crismei de gênio,
à minha cobardia cobri-a de lhe chamar requinte.
Pus-me a mim,
Deus dourado com ouro falso,
num altar de papelão pintado
para parecer mármore.
Mas a mim não enganei nem a consciência do meu enganar-me."

- Fernando Pessoa -
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Fui almoçar a casa dos meus sogros (ex) que são duas criaturas maravilhosas, pais de substituição, se assim lhes poderei chamar. E quando vinha a caminho da minha casa, para dar o almoço ao meu filho e ao meu sobrinho que nas férias por aqui fica, a conduzir o meio quilómetro que as separa, desatei a chorar. "Desculpa não ser a super mulher!" Disse a mim mesma. Há alturas em que as emoções fogem ao nosso controlo, em que percebemos que, afinal, não temos o poder de agarrar os sentimentos, de nos mantermos firmes, seguros e inabaláveis. Vinha a pensar no meu sogro que está com um cancro, em todas as coisas e pessoas que enriquecem a minha vida. Vinha a pensar na existência, no porquê disto ou daquilo. Vinha a pensar no livre arbítrio, na possibilidade que cada um tem de poder escolher "existir" ou "não existir" - de viver na sombra ou na luz, (para além da impossibilidade de escolher os sentimentos).
Preciso de uma pausa para reflectir. Não vou de férias porque só tenho férias em Agosto, mas vou parar um pouco, concentrar-me no trabalho ao qual não tenho ligado nada. Preciso de parar de escrever. Tenho tantas coisas para escrever no escritório e que não tenho conseguido! Preciso de luz. Preciso de eliminar dúvidas. Preciso de me iluminar.

4 comentários:

noEnigma disse...

Ola... Sabes, as coisas têm todas um fim, infelizmente... Não te culpes por isso, por muito que tenhamos feito ou Não, não temos que carregar o mundo as costas... A person who never made a mistake never tried anything new.(Albert Einstein)

espinhos e outras flores disse...

Olá Jchacim,

Ou um príncipio.
Ás vezes não sabemos o que fazer, porque não sabemos se a nossa percepção das coisas está correcta. E não arrismos clarificar com receio de nos expormos ao ridiculo.A dúvida é uma angústia que nos torna cobardes. O único erro é a nossa (minha) cobardia.

Obrigada pela visita.

espinhos e outras flores disse...

Jchacim,

fiquei na dúvida quanto à redacção da palavra cobardia, será covardia? Detesto dar erros. Quando me apercebo corrijo-os se puder. E na busca encontrei esta frase que achei estupenda, parti-lho-a contigo:

Amar é cansar-se de estar só: é uma covardia portanto, é uma traição a nós próprios (importa soberanamente que não amemos).
-- Fernando Pessoa

noEnigma disse...

Também me deixas-te na duvida, acerca do cobarde ou covarde... hihi Fui ao Google e parece que é mesmo cobarde... ;)hihi Não sou muito ligado às letras, mas ao que parece, o nosso Querido Fernando Pessoa era um verdadeiro Solitário.Para mim, o Amor fazia-lhe confusão, mas, verdade seja dita, Amar é sofrer, logo é ser masoquista consigo mesmo. Mas não estaremos ir ao contrario de todas as leis da Natureza? é isso que me mete confusão!!! Também é verdade, que a duvida não ajuda nada, mas onde estará a formula magica?!! As escolhas que fazemos não devem ser confundidas com juízos de valor e não se arrepender delas. Criticar é a forma mais simples para culpar um mal sucedido, mas a escolha ou quem a escolhei, isso sim é vencer... ( é a minha forma de pensar, talvez esteja errado ).