segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A CONTAR HISTÓRIAS


Ele colocou-he o braço em cima dos ombros e disse-lhe ao ouvido:
- Sabes que um coração se pode regenerar num abrir e fechar de olhos?
- A sério? - Interrogou ela bastante céptica.
- Sim. - Afirmou com toda a convicção. - O coração é mais forte que o corpo, é o músculo mais resistente e regenerador que temos. Consegue bater imensas vezes por minuto quando está exaltado e repousar tranquilamente quando está seguro. Põe aqui a mão. - Pediu segurando a mão dela e colocando-a sobre o seu peito. - Sentes? - Perguntou.
- Sim. Está exaltado. - Ela exclamou.
- Porque precisa de tranquilidade, precisa de se sentir seguro. - Explicou ele. - Quanto tempo pensas que vai necessitar o teu coração para se regenerar?- Perguntou de seguida.
- Não posso responder. Bem gostaria, mas, na verdade, não sei. É coisa que nunca sabemos! - Disse ela.
- Sabes que pode levar o breve tempo que os meus lábios possam levar a encontrar os teus? Uns segundos apenas! Estão tão próximos! Há coisas fantásticas, mas que é preciso experimentá-las para serem comprovadas...
- Não sei!... - Ela desviou o olhar. - Assim, tão simples!
- Assim! Tão simples! - Afirmou ele.
- E se não for assim? - Perguntou ela com o habitual cepticismo.
- Podemos experimentar. Em nome da ciência. - Argumentou ele. - Sem experimentação não há certezas. E podemos debater as conclusões teóricas depois da prática. O debate é sempre aconselhável após a experiência. Não concordas?
- E se não pudermos concluir, se subsistirem dúvidas? - Questionou ela.
- Podemos repetir. Infindavelmente. Tempo é o que não nos vai faltar. - Arrematou. - Sou um gajo empenhado e não gosto de desistir enquanto não obtiver resultados. Aliás, tu conheces-me há anos, sabes bem...
Ela afastou-o, sentou-se de frente para ele e olhou-o nos olhos.
- Estás a querer ser o meu objecto experimental ou a pedir-me que eu seja o teu objecto experimental? - Interrogou-o muito sériamente.
Ele olhou-a nos olhos, como nunca o tinha feito, e respondeu:
- Não. Estou a pedir-te que sejas a minha verdade.
Ela baixou os olhos e quis saber:
- Mesmo sabendo que serias a minha alternativa? Mesmo assim?
- Mesmo assim.- Repondeu ele com firmeza, sem baixar os olhos. - Sonho... há demasiado tempo...

.
Sunshine of your love - Cream

Nenhum comentário: