sábado, 7 de agosto de 2010


"O tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
Eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava.
Era a tua, a tua voz que dizia as palavras da vida.
Era o teu rosto. Era a tua pele.
Antes de te conhecer, existias nas árvores e nos montes
e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
Muito longe de mim, dentro de mim,
eras tu a claridade.
.
José Luís Peixoto, in "A criança em ruínas"
.

Nenhum comentário: