quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A CONTAR HISTÓRIAS

Há muito que invento histórias. Sem querer apercebo-me que Fevereiro é o mês das histórias. E que muitas histórias se resumem a uma só. Vai longo o tempo, poderiamos falar do tempo, como quem não tem mais nada para dizer. Antes falava de ti, mas agora é contigo que falo. Sentemo-nos numa esplanada, de frente para o mar, não de frente um para o outro, prefiro assim, que já não me atrevo a olhar-te nos olhos. Posso então dizer-te que um dia me pareceste um destino. Coisa mais tola! Era o coração perdido a inventar uma razão para bater. posso dizer-te que, de manhã, passa na rádio aquela música, é assim todas as manhãs, para castigo meu! Para evitar esquecer-te, como se a vida quisesse punir-me. Ás vezes trava-me a respiração e penso que é um sinal, que não pode ser por acaso todas as manhãs, aquela música a passar na rádio.Com tantas músicas para passar! Digo-te que ainda hoje estremeci quando inventei que era o destino a dizer-me que ainda estou na tua mente. Mas a minha mente mente-me quando invento histórias de destinos.
O mar está calmo. Posso segurar-te na mão, por breves instantes, acariciar-te os dedos ao de leve, como se fosse a brisa a beijar-te e deixar-me ficar no silêncio, os olhos presos no mar, neste mar que deixou de chamar por mim. Basta-me a tua mão para me fazer feliz, essa mão que não voltará a escrever o meu nome. Fiquemos em silêncio. Bem sabemos que foi no silêncio que se deram os nossos encontros mais profundos. Que o vento leve os nossos nomes, já não nos fazem falta. Queria poder encostar o meu rosto no teu ombro e sentir-te a respiração quente na pele, abandonar-me no teu cheiro, perder-me no mar. Mas basta-me a tua mão num toque de um minuto, para que a vida me pareça inteiramente feliz. 
Posso agora despertar, devagarinho, para não tropeçar na tristeza. 

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