sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

FILOSOFIAS DE BOLSO

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"A ilusão é uma informação falsa que influencia o nosso processo de pensamento e tem a capacidade de dobrar a realidade."
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Ela anda cabisbaixa, menos risonha, há dois dias que não se pinta e o cabelo está desleixado!
- Que se passa contigo? Voltas a andar tristinha, já nem pareces a mesma!- Comentei.
Ela encolheu os ombros, acendeu um cigarro e pos-se a olhar a rua através da janela. - Perdi 15 quilos com muito entusiasmo, mas estou a perdê-lo e agora ando com desespero pela comida. Já não tenho vontade de me arranjar! Ele não se interessa por mim! Acho que fui eu que imaginei, foi tudo uma ilusão! Não passou disso! E está a morrer!
- E depois? A vida também se faz de ilusões. No fundo, somos todos uns ilusionistas. - Disse eu.
Ela fixou-me sériamente, com os olhos semi-cerrados. - Mas eu não queria que isto fosse uma ilusão. Estou desiludida! - Disse-me.
- Ninguém quer que as ilusões sejam só isso. Todos queremos que elas sejam matéria palpável. Mas o certo é que as ilusões, até mesmo as mais fantásticas, são voláteis, são como o ar, o vento, a poeira, o fumo ou uma bola de sabão. Jámais lhe tocaremos, desfazem-se em nada! É por isso que são ilusões. São enganos. São coisas criadas pela nossa imaginação, pelos nossos sentidos. Possivelmente são nada! Ficamos desiludidos, quando nos apercebemos do nada. A desilusão também é nada, nem sequer chega a ser o contrário de ilusão, porque um nada, nada pode gerar. Uma e outra coisa são, rigorosamente, nada! É apenas a nossa imaginação a trabalhar. A nossa imaginação precisa de criar ilusões. Temos de consumir a alegria ílusória que nos transmitem e deixá-las morrer quando tiver de ser. - Argumentei calmamente.
- Se fosse assim! tão simples!... Então o que é que eu faço com as minhas ilusões? Deixo-as morrer, só isso? Umas atrás das outras?! - Questionou.
- Andavas aí toda contente, não andavas? Já passou? Acordaste e viste que, afinal nada se concretizou. Foi uma ilusão! Não te preocupes, atrás de uma ilusão virá sempre outra ilusão.
- Então a vida são só ilusões? - Perguntou.
- Claro que a vida não são só ilusões e sonhos - Afirmei - Tens de começar a entender que a vida é, essencialmente, o que vai para além da ilusão, aquilo que crias e que efectivamente vives, desde que começas o teu dia até que te deitas. A vida é uma porta aberta. Tens de seleccionar o que queres deixar entrar e do que deixas entrar o que é necessário ou obrigatório expulsar.
- E o que é que faço com as ilusões?
- Aprende a geri-las.
- Ai pá! Enervas-me!!! - Disse ela. - Como é que eu as vou conseguir gerir se, emocionalmente, me afectam?!
- Controlando as emoções. Não deixando que elas te impeçam de viver o que de melhor tiveres para viver. A vida é o que está à tua frente e não o que está na tua cabeça. Tens de querer estar elegante, arranjada e bonita para ti mesma, para olhares no espelho e te sentires bem.  Não podes viver em função de uma outra pessoa seja ela quem for. Vive ilusões mas liberta-te delas. Vive quantas ilusões forem necessárias, mas não te deixes vencer por nenhuma delas. A vida é o que acontece. E um dia a vida acontece plenamente.- Disse-lhe enquanto a agarrava pelos ombros.
- Quem me dera ser tão racional!- Suspirou. - Enervas-me!!
Eu até me enervo a mim própria! Mas, há muito tempo que fiz um pacto comiga mesma: viver.
O sonho e a ilusão serão uma e a mesma coisa? Segundo os filófofos, a ilusão é uma informação falsa que influência os nossos pensamentos levando-nos a deturpar a realidade, ou seja, enquanto andamos iludidos, andamos enganados por uma falsa realidade. Eu creio que o sonho é uma fantasia criada por nós, sobre algo que almejamos e da qual temos consciência, mas que pode influenciar grandemente as nossas vivências.
Sonhar sempre, mas nunca deixar de viver.

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