sábado, 3 de janeiro de 2009

DEAMBULAÇÕES I


Nunca estarei sózinha.
E jámais alguém me completará.
Porque uma só pessoa não basta para me completar. Nem muitas. Nem todas.
Na verdade, eu não sou incompleta, apenas não encontro tudo, naquilo que sou. Não me basto. E não me bastando estou sempre à procura de qualquer coisa. Todos os dias em transformação e renovação.
Nunca estaremos sós.
E jámais nos completaremos uns aos outros.
Porque todos os dias alimentaremos os nossos medos e as nossas ambições. E os medos e as ambições dos outros. Porque nos falta o tempo e também não temos tempo para dar. Porque esbanjamos um sexto dos nossos dias com mediocridades e um outro sexto com lamentações acerca das mesmas. E só nos resta dois terços. A maioria das vezes para coisa nenhuma.
E, numa imensa capacidade de nos (auto)construirmos e (auto)destruirmos, nunca estaremos sós. Precisamente porque não gostamos de o fazer sózinhos. Precisamos sempre de um pedreiro que nos dê a mão ou as ferramentas necessárias. De alguém a quem atribuir culpas ou a quem agradecer.
Na verdade, nós bem sabemos que não buscamos quem nos complete. Bem sabemos que não precisamos de ser completos. E nem sequer queremos saber que merda é essa!
Na verdade só queremos ser felizes.
E levamos uma vida inteira a tentar perceber porque razão não conseguimos ser felizes sozinhos, nem o conseguimos ser com os outros.
Precisamente porque a felicidade é outra merda que também, não deveriamos querer saber o que é.
A busca, essa procura incessante é algo que nos pode levar à ruina.
Á tempos disse: "...viver-se a vida como quem lê um livro de virtudes..." Bem sei, bem sei... lá vem a porra da monotonia a azucrinar-me os cornos! Mas então? E depois?
Sei que nunca estarei só.
Sempre poderei azucrinar os cornos de alguém... e também dar um abraço e trocar um sorriso.
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`Til We Die - Slipknot

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