sábado, 3 de janeiro de 2009

MENSAGEM DE ANO NOVO, OU TALVEZ NÃO


Não tenho sono. Nem cansaço. Nem tristeza alguma. Apenas uma íntima necessidade de escrevinhar sobre coisas.

Amar alguém não significa apenas desejar mas, sobretudo, compreender esse alguém (porém, com a certeza que jámais o compreenderemos). Quero dizer: aceitar, respeitar, com carinho e liberdade.

Hoje sei que assim é. Já o soube em outras ocasiões. Quando entendi que havia transposto, finalmente, uma etapa. E que estava preparada para a etapa seguinte: a do amor sem outro interesse que não seja o amor. Há quem lhe chame amizade, eu continuo a chamar-lhe amor.

Foi assim com todos os meus grandes amores. Nunca acabaram, Ficaram algures dentro de mim, aconchegados, acarinhados, sem nunca envelhecerem: Apenas os despi e vesti com uma outra roupa.
Todos eles me deram parte do que hoje tenho e fizeram de mim o que hoje sou e isso, nada o pode alterar.

O primeiro grande amor que tive, foi tão intenso que durou anos até lhe encontrar o sítio certo no meu interior. Ele ensinou-me a ter confiança em mim mesma, ainda que nunca a tivesse nele. Fez-me acreditar que tinha valor, era bonita, insubstituível e que poderia sempre melhorar. Quando as coisas não corriam bem, ele aparecia-me nos sonhos para me dizer que tudo iria melhorar. Nunca o esqueci, apesar de ter esquecido o sofrimento de o perder. Estive 14 anos sem saber nada dele. Encontrei-o por acaso há dois anos e pude perceber que também ocupo um lugar feliz nas suas memórias.

O meu segundo grande amor, foi tão intenso que teria vendido a alma ao diabo, trocado a minha vida pela dele e todas as lamechices impossíveis de descrever. Foi quase uma eternidade! E quando me parecia não ser possível sobreviver, heis que encontrei o lugar certo dentro de mim para o encaixar, sem ter de nos matar. Ele ensinou-me o prazer supremo. Mostrou-me toda a beleza da vida. Levou-me ao inferno e ensinou-me a sair dele. Enfim, fez-me perceber porque jámais terei pretensões à perfeição. Pois sendo eu perfeita (por mera suposição), como poderia compreender e perdoar todos os outros? Ainda o amo como a mais ninguém, mas ninguém sabe disso senão ele mesmo. Amo-o da forma que se pode amar alguém que um dia nos deu a felicidade quase absoluta e que, só por isso (ou não só) não pode ser esquecido.

O meu terceiro grande amor foi quase ou talvez apenas, um idílio. Eventualmente nascido da necessidade extrema que tenho de amar. Ajudou-me a recuperar a autoconfiança. A reencontrar-me com a adolescência, não só na forma de sentir e querer, mas também na paixão pela música e o prazer enorme de escrever. Foi assim, como redescobrir-me, regressar ao passado, ao tempo em que os professores me chamavam a menina dos fones e diziam que um dia eu seria escritora ou então uma eterna sonhadora. Fez-me sentir que só envelheço por fora, cá dentro continuo uma menina tola. E só por isso (ou se calhar nem só), nunca o poderei esquecer. E como eu gosto dele, como eu o amo!

Estou pronta para recomeçar.
Tenho a casa arrumada e sinto-me bem.
Porque nada se perde, tudo se transforma.
E é necessário ser feliz e fazer os outros felizes.

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