quinta-feira, 11 de novembro de 2010

NORMALIDADE


A maior parte das horas dos nossos dias são aborrecidas e provocam ansiedade. Ou porque são passadas no trabalho fora de casa ou no trabalho da casa. As horas vividas em paz e deleite são verdadeiramente escassas. Eu gosto do meu trabalho, ele dá-me prazer, as pessoas com quem tenho de falar para o fazer é que lhe retiram a beleza. De facto, eu falo, eu explico, eu aconselho e as pessoas ouvem, mas ouvem mal! Não porque tenham falta de ouvido. Não porque sejam burras e não entendam o que lhes ligo. Mas porque as pessoas são más! Não sei se as pessoas são más por natureza ou se aprendem a ser más por defesa ou se por um gosto mórbido! As pessoas vêem a justiça voltada para si mesmas. A sua justiça. Aquela justiça defeituosa, impregnada de egoísmo e de ódios.

De manhã, ao levantar da cama, em vez de se dirigirem ao espelho e de observarem a sua própria imagem, as pessoas deveriam dirigir-se à janela, observar o dia, a gente que passa, os pombos que bicam no passeio, os pardais que as saudam, o vento que lhes bate na cara.

Às vezes estou a ajudar pessoas com o meu trabalho e, pura e naturalmente, só me apetece bater-lhes! E isto sucede com demasiada frequência! O que me retira o gosto pelo trabalho. Porque, às vezes, muitas vezes, consigo aquilo que é quase um milagre, mas as pessoas ficam as remoer as suas raivas e as suas adversidades, não contra mim, mas contra o outro ou os outros, perdendo a oportunidade de valorizar o que obtiveram e de agradecer ao seu deus. Às vezes, fico tão revoltada! Tenho a consciência que as pessoas vivem revoltadas com a vida, por isto e por aquilo e por tudo e por nada! Não vivem! Rancoreiam entristecidamente! Deve ser por isso que não sabem apreciar as coisas tão deliciosas que caiem a seus pés como penas trazidas pelo vento! E abandonadas pelo desprezo destes cegos! Estranho mundo este!

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