quinta-feira, 18 de novembro de 2010

GUERRA DOS SEXOS


Ontem foi dia de festa. O meu filho fez dezassete anos. Os avós saíram do restaurante e levaram os putos. Fiquei eu, o cunhado, o ex-marido e um amigo nosso. Quatro divorciados, a darem no whisky e a descascarem nas mulheres e nos homens. Claro que eu estava em desvantagem, não só por ser a única mulher, mas ainda por ter o ex-marido presente.

- Um homem é demasiado simples, fácil de entender, para manter uma relação só precisa de bom sexo e cerveja, em casa. - Disse um.
- Não é bem assim. - Disse eu. - Deves acrescentar "e na rua", porque só em casa nunca lhes basta. Sentem necessidade de mudar de marca de vez em quando.

- Já as mulheres precisam sempre de fazer contas à vida, de agendar o cabeleireiro, de procurar o roteiro de férias, de fazer compras desnecessárias e de arrumar a casa na hora mais conveniente para praticar sexo. - acrescentou outro. - E adoram contabilidade, nomeadamente para poderem somar o ordenado do marido ao delas e verem quanto é que podem subtraír do primeiro para uso pessoal, extravagâncias ou vaidades.

- É por isso que eu agora pago para ter sexo, é mais seguro, mais barato e no dia seguinte não tenho de me lembrar do nome e da cara, nem tenho de lhes telefonar. Bem sei que aquilo é tudo a fingir, mas cheguei á conclusão que, com as minhas mulheres, nunca soube quando é que o não era. Por isso agora tenho a certeza e não ando enganado.

- Nunca percebi porque é que as mulheres sentem necessidade que andemos sempre de volta delas "meu amor", "minha querida", "adoro-te"...
- O grande problema é que os homens nunca percebem nada sobre as mulheres e nem tentam perceber.- observei.
- Os homens percebem de sexo e de cerveja. É quanto basta.
- Não. - Digo eu. - Os homens percebem de cerveja, mas julgam que também percebem de sexo. Um outro grande problema é precisamente esse. Quase todos pensam que percebem de sexo, mas são poucos os que efectivamente percebem. Deve ser por isso que as mulher fingem tanto. Desistem de lhes fazer perceber que não percebem nada. É que, para os homens, bom sexo é o sexo que os satisfaz e só isso.

- Tem tudo a ver com a educação, a forma como somos educados desde a infância.
- Para mim, tem tudo a ver com as diferenças e a forma como cada um pensa e encara o outro. Um homem e uma mulher são completamente diferentes. - Digo eu. - Até onde é que cada um de nós está disposto a ir para se entender com o outro e superar as diferenças? É aqui que o amor tem um papel relevante.

- Não me fales do amor. Quem é que precisa do amor? Eu já não preciso do amor. Estou melhor sem ele. Só preciso de sexo.
- Ainda bem! - Disse-lhe eu. - Todavia, não acredito. Todos nós precisamos do amor, até mesmo aqueles que dizem que não. Quem o não tem, ainda que o não procure, espera-o. O amor é condição sine qua non da própria vida, do Homem. Estarei a exagerar? Não sei, mas é assim que eu penso.

Muito se falou ali, sobre muito, umas coisas completamente parvas outras que me puseram a pensar sériamente. Cheguei a casa já passava das duas horas da manhã, e na minha cabeça só tinha um pensamento: "Os homens são uns verdadeiros idiotas. Não confio num único homem. Jámais poderei esperar grande coisa de um homem! E é com isto que tenho de viver!" Estiquei-me na cama, escrevi uma mensagem muito amorosa, enviei-a e adormeci.

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