terça-feira, 23 de novembro de 2010

DESABAFOS


Entrei agora no escritório e reparo como a minha secretária está cheia de pastas e de papelada ás resmas! Muita coisa acumulada e pouca vontade de fazer. Fui aos correios. Vou muitas vezes aos correios enviar cartas. Já não escrevo cartas como antigamente, cartas aos amigos, cartas de amor. Ainda escrevo muitos rascunhos de cartas que não chegam a ninguém, pelo vício de escrever ou a necessidade de dizer o que não digo. Tenho o blog cheio de rascunhos e os dedos também! As funcionárias dos correios conhecem-me. Há sempre uma converseta pelo meio do atendimento. Há pouco, a funcionária foi desabafando, contando isto e aquilo, sobre a grande depressão em que se encontra! Quase chorou. Lá disfarçou o estado de espirito como pode. Raios! O que é que se passa com as pessoas? Deparo com tanta tristeza à minha volta! A vida é assim tão má ou as pessoas não sabem como vivê-la?

Ontem de tarde fui para Lisboa fazer uma escritura pública. Enquanto aguardavamos, a minha cliente emborcou dois antidepressivos. Tinha uma maleta cheia deles! E continuava tão nervosa e irrequita, que até me causava impressão. Veja lá se sossega! Disse-lhe eu! Tenho-lhe um ódio profundo! Disse-me ela. Ao ex-marido. Arruinou-me a vida completamente! Quando ele entrar por aquela porta, até me vão dar vómitos. Nos primeiros anos fui eu que paguei a casa sozinha e agora tenho de partilhar com ele as mais valias! Isto é que é o direito! Praguejava ela. A dado momento pus-lhe a mão ombro, arrastei-a para um canto e sem disfarçar a irritação que me estava a causar, perguntei-lhe como é que tinha pago a casa sozinha. Explicou-me, então, que a prestação no valor de € 500,00 e tal era retirada do seu ordenado de € 600,00. Não lhe ficava nada. A seguir perguntei-lhe como é que pagava as contas correntes, se alimentava o casal e os filhos, se vestiam e calçavam e tudo o mais. Explicou-me que isso era tudo pago com o vencimento dele. Então como é que você pagou a casa sozinha? E com que direito se julga no direito de não partilhar? Perguntei-lhe. Se calhar, se alargasse a visão, se olhasse para todos os lados, veria a justiça de outra forma. se calhar, se o fizesse, nem precisasse de antidepressivos!

Não há paciência!

Estou numa fase da minha vida em que trabalhar quase não me dá prazer. Não sei o que se passa com as pessoas! São tão injustas, tão intolerantes, tão egoístas, tão deprimidas e deprimentes!

Há dias, um individuo que deixou a mulher para ir viver com a amante, foi questionado se era vontade sua divorciar-se. A resposta dele a olhar para a futura ex-esposa foi não. Mas a vontade de manter o casamento não pode ser só de um, pois não? Questionou o dito sujeito. Eu olhei para ele, meia atordoada e perguntei-lhe se ele não vivia com uma senhora, ao que ele respondeu que sim, mas... Então perguntei-lhe se essa senhora tinha conhecimento desse mas..., ao que ele respondeu que não. Vi-me obrigada a pedir-lhe para não dizer mais nada. Claro que saiu dali divorciado, pois como o próprio disse, a vontade (qual vontade?) não depende só de um.

Não há paciência! Não há!

Um dia destes, uma amiga minha que se quer divorciar, exigiu do marido manterem a casa de morada de família para os filhos nela habitarem e cada um dos progenitores passaria lá uma semana com eles, alternadamente. O que obrigava a que cada um deles tivessem uma terceira casa para habitar. Mas claro que os encargos ficariam a cargo do futuro ex-marido. Quando pediu o meu conselho disse-lhe que tivesse juízo. Os filhos vivem com os pais ou com um dos pais, não são os pais que vivem com os filhos. Como pode ela exigir que o marido suporte tamanho encargo financeiro, quando ela está cheia de problemas económicos e mal se consegue sustentar a si própria? É para bem dos menores. Disse-me ela. Não pensou nisso quando se enrolou com outro tipo. E para bem do marido? Ficou aborrecida comigo! Porra!

Não há paciência! Não há, não há!

Um comentário:

noEnigma disse...

Ola... obrigado pela visita :) qual foi a leitura do café, hoje? bem verdade, não há paciência nenhuma concordo... não adianta explicar, frisar ou alertar... chegasse a ponto que é impossível entender... é verdade, convite aceite... ;)