quinta-feira, 4 de novembro de 2010

MEDO


Há umas horas atrás tive medo. Não queria pensar senão que talvez estivesses impedido com alguma coisa inesperada. Não conseguia pensar que coisa inesperada poderia ser essa que talvez te estivesse a impedir de me atenderes o telefone ou de me ligares. Não queria pensar. E não querendo pensar, não conseguia deixar de pensar. O medo a atrofiar-me o pensamento. O pensamento a ditar-me coisas estranhas, nomeadamente que haverias de estar impedido porque haverias de ter-te cansado de mim. Sem mais nem menos! De um dia para o outro! Sei lá! Não querendo pensar que tudo é possível, sabendo que nem tudo sendo possível há coisas bem possíveis de acontecerem.
Há umas horas atrás só queria que me atendesses o telefone estranhamente silencioso. Ou que te lembrasses de me retornar as chamadas. E um medo mórbido instalou-se dentro de mim e prostrou-me no sofá, encolhida como uma pétala murcha e enrugada, caída de um vaso abandonado ao romper do outono. Qualquer coisa dentro de mim a escrever um verso triste que haveria de colar neste lugar debaixo de uma imagem nobre, escolhida propositadamente para um desfecho despropositado.
Subitamente surges-me à porta! Dizes-me que as saudades te trouxeram aqui. Deixas-me sem pensamento e sem palavras. Varres-me o medo como um vendaval. Quase me trazes as lágrimas aos olhos e o poema aos dedos.
Sei agora que não sou tão forte e tão firme como me julgo.
Agora sei como te quero. Como não te quero perder. Deveria ter-to dito. E não fui capaz!

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