domingo, 14 de março de 2010

A CARTA QUE NÃO TE ESCREVO


Esperei por ti esta noite às portas do inferno. A garrafa aberta, a escorrer o vinho, no lábios trémulos de ansiedade. Na língua. a saliva a desenhar o teu nome. O calor a derreter-me as veias. A volúpia entranhada no sabugo das unhas que arranham o passar das horas.
Nem presença, nem vulto, nem telegrama ou mensagem.
Adormeci no sofá a embalar saudades. A vela apagou-se sozinha quando a aurora gélida bateu na janela e não trouxe novidade alguma.
Cumpre-se a rotina à margem dos sonhos por cumprir.


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Que serais-je sans toi - Jean ferrat (homenagem)

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