segunda-feira, 4 de abril de 2011

ÁS VEZES, A VIDA PARECE UM FILME!

Graffiti encontrado na praia - Fonte da Telha - I
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Até onde nos pode levar a paranóia alheia?
Até onde nos pode levar a paciência, ou a falta dela?

Na semana passada, andava eu a deslocar-me pé-ante-pé, agachada atrás dos carros, junto ao meu escritório, quando ouço a minha colega perguntar-me: - Que estás a fazer? Endoideceste?
Fiz-lhe sinal para se calar e seguir fingindo não me ver.
- Pareces uma maluquinha! - Comentou, mas seguiu. Deveria parecer uma maluquinha e de facto, assim me sentia! Mas, na verdade, andava a tentar chegar ao meu carro sem ser vista por um individuo. E isto está a tornar-se um hábito.

Tudo começou no dia de São Valentim de 2010. Recebi a primeira mensagem de amor anónima. A partir daí, muitas, diáriamente, se sucederam. Fiquei intrigada e a imaginar que se tratava de uma certa pessoa. Grande filme! Enfim, nem sempre somos racionais. Porém, percebi que era impossível e acabei logo por descobrir que era um homem que vive no meu prédio e que, estranhamente me aparecia em todo o lado. Nítidamente perseguia-me para todo o lado! Um dia ligou-me e supliquei-lhe que me deixasse em paz, o que não aconteceu. Um outro dia subimos juntos no elevador e, de repente, reconheci a voz. Passei um periódo muito mau por via dele. Até hoje finjo que não sei de nada, já não falo com o vizinho, mas cumprimento-o naturalmente, para evitar que ele toque pessoalmente no assunto. É melhor assim.
Nos últimos dois meses ele não trabalha, deve estar de baixa psiquiátrica, digo eu. Portanto, sobra-lhe todo o tempo para andar atrás de mim. Se me sento num café, ele senta-se na mesa da frente. Durante as manhãs e as tardes fáz piscinas na rua do meu escritório que é pequenina, por isso, sou obrigada a deparar sempre com ele. Vou às compras e saio das lojas, ele está à porta! Vou ao Continente a um quilómetro da minha casa, sigo com o carrinho das compras e ele segue-me por entre as os corredores travessos! É um absurdo! Agora, quando saio com o cão, lá vou escondida por entre os carros e os prédios e troco-lhe as voltas, já não posso ir para o baldio! Já não posso fumar à janela, porque ele está, quase sempre, lá em baixo, de plantão, a olhar cá para cima e a acenar com a mão. Ainda por cima tem um ar tão apaneleirado! É de enlouquecer! Verdadeiramente! Quando vem para falar comigo viro logo costas. Já o tratei mal, mas não serviu de nada. Ele acha que eu lhe estou destinada, penso eu, pelo teor das mensagens!

Ontem à tarde, estava eu na praia, sózinha como gosto, num momento de pura delícia, a tirar fotografias e ouço a voz dele bem perto do meu ouvido. - A tirar fotografias às suas florinhas? Até estremeci! Quais minhas florinha! Filho da P.! Senti uma tão grande vontade de lhe dar com a máquina - que é pesada - na cabeça, uma raiva tão profunda!... Não sei como me contive! Abalei para o carro e ele foi atrás de mim. Uma praia tão grande, com tanto carro e o dele estava, precisamente, estacionado ao lado do meu! Incrível! Entrei, dei à chave, fiz marcha atrás e pedi a Deus que ele não se pusesse a jeito, porque a minha vontade, naquele momento, era passar-lhe por cima!!! Pronto, ok, exagerei! Não, não sou violenta. Mas até onde pode ir a paciência de uma pessoa? Como é que alguém pode intervir na nossa vida por forma a suscitar sentimentos tão negativos!

Mandar mensagens, não é crime. Só temos é que mudar de número.
Perseguir, sem tocar, não é crime. Só temos é de mudar de cidade. Quando muito podemos pedir uma providência cautelar de afastamento, mas é preciso suar muito até se conseguir isso.
Se eu der umas cacetadas no individuo, cometo o crime de ofensas à integridade física de outrém!
Deixo-me enlouquecer ou bato-lhe?

Ás vezes, a nossa vida parece um filme!

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