sexta-feira, 15 de abril de 2011

COISAS DE GAJAS

- Faz-me um favor. - Pediu muito constrangida.- Leva daqui o meu tabaco, tira-mo da frente, que eu já nem consigo respirar de tanto fumar!
- Hoje estás intragável! - Comentei agarrando no maço.
- Fiz-lhe uma declaração de amor, completamente explicita e ele nem me deu resposta! Achas normal? Depois de tanto tempo nesta espécie de namoro!... Nem ai, nem ui!!! Calou-se! Então eu não mereço uma resposta, seja ela qual for? - Disse desolada.
- Claro que mereces, é o mínimo. - Disse eu, num tom baixo, acostada à tristeza que lhe pressentia. - Talvez te tenhas precipitado, partindo de um pressuposto errado...
- Cala-te! - Pediu de imediato. - Tu não digas nada. Não te quero ouvir. Se te pões com as tuas divagações e teorias, vou ficar muito mais arrasada. Faz-me outro favor, fica aí em silêncio, a ouvir-me, que preciso de desabafar. Detesto estas tuas fases de análise e meditação, consegues esmiuçar tudo a ponto de me tirares qualquer argumento e esperança.
- Ok. - Sentei-me de frente para ela. - Então só te digo que os homens têm mentes complexas, comportamentos imprevisíveis e estranhos...
- Assim está melhor! Do que eu preciso mesmo, é de os pôr abaixo de cão para ver se elevo a moral. E proíbo-te de me vires com tretas.
- Mas eu nem sequer estou a criticar, não estou no bota-abaixo...
- Então cala-te! 
E falou, falou, falou!
- O que é que achas? - Perguntou depois de muito tempo.
- Não posso falar! Sabes que se me ponho a falar, se te disser mesmo o que penso, vais ficar pior, acabas a chorar... - Respondi.
- Tens razão. Cala-te.

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