sábado, 14 de maio de 2011

COISAS PARVAS




Não gosto de política. Vou observando para me manter informada. Os nossos políticos assemelham-se aqueles cônjuges que não aceitam o divórcio. Apresentam discursos para salvar um casamento em ruínas, prometendo rigorosamente aquilo que prometeram quando se casaram. Mas não resultou, pois não? Apesar das promessas de um futuro de felicidade e prosperidade, o que aconteceu foi um progressivo desencanto, desentendimentos, chatices e mal-estar. Pouco dinheiro, cada vez mais contas para pagar, cada vez mais filhos improdutivos para sustentar, cada vez menos rendimentos, cada vez mais mentiras, mais discussões e zangas. E de nada adiantou a construção da moradia de sonho, a piscina no jardim, o plasma na sala, porque os créditos estrangularam todas as hipóteses de alegria. Coligaram-se aos amantes mais prometedores e deitaram-se nas camas mais convenientes. Ambas as partes descontentes a tentarem sobreviver.
Quando a parte mais descontente reclama o divórcio, vem a outra parte, porque enfim não quer ser despojada do satus adquirido, pelas mais diversas razões, mas já não própriamente pelo amor que entretanto se perdeu e que às vezes nunca chegou a existir, prometer uma melhoria, uma recuperação, etc e tal. Então aquilo que não resultou vai passar a resultar? Quem não fez quando podia e devia, vai passar a fazer?
Por mera figura de estilo direi, nós a esposa descontente e arruinada, só temos ex-maridos a candidatarem-se ao nosso coração, como poderemos escolher um deles e entregarmos-lhe o nosso futuro? O que fizeram connosco quando connosco se casaram? Afinal, não foram todos estes candidatos que nos levaram à tristeza e descrença? O pior é não haver alternativa! É que nenhuma paixão nova surgiu entretanto ao longo de anos. E nós precisamos de alguém para nos governar o coração! Sabemos à partida que não iremos ser felizes seja lá qual for o escolhido. Já os conhecemos a todos bem demais! Somos, portanto, uma esposa desesperançada!

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