domingo, 22 de maio de 2011

OS QUE SEGUEM O SEU DESTINO


"Aos que seguem o seu caminho"
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Podes muito bem ficar aí nesse lugar a que dás muitos nomes, todos os nomes que inventas para não lhe dares o verdadeiro nome, aquele que finges não conhecer porque não o queres admitir. Acho que arranjaste uma capa, uma maneira de camuflar a realidade, o que é uma tolice. É aí que deves ficar. Dizia-me ela há dias, com os olhos quase cerrados devido à miopia e à persistente tentativa de se adaptar às lentes de contacto. Há lugares que são para visitar, mas não para ficar. Dizia-lhe eu recostada na cadeira com o ar mais aborrecido que consigo angariar nos dias insignificantes que vão passando por mim. Há lugares que são como as cerejas, deliciosos e temporários. Um dia evaporam-se e talvez nos venham à memória numa noite de inverno em que não tenhamos lugar para onde ir ou onde ficar.

Simplificas demasiado o impossível de simplificar! Não sei que estratégia usas, que truque aplicas, mas não é natural encarar dessa forma aquilo que, por natureza, é complicado. Dizia-me ela a acender um cigarro que depois me estendia, a fim de me poupar o trabalho de me levantar à procura da mala num outro compartimento. Agradecida e continuamente aborrecida, sem o menor ensejo pela conversa que tentava evitar, não tanto pelo enredo da mesma, mais pelo fastio da tarde, fumei o oferecido cigarro. Às vezes somos obsecados por um lugar de forma inexplicável, por um lugar que nem nos é permitido visitar. É aí e só aí que queremos ficar. Somos atraídos pelo impossível! Sofrer, parece ser a forma mais equilibrada de suportarmos a monotonia dos dias. Complicamos aquilo que é manifestamente claro e simples e simplificamos aquilo que aparentemente não o é. Somos humanos! E tu és dramática. Dizia-lhe eu de seguida.

Não te entendo! Comentava ela. Não te preocupes, nem eu própria ambiciono entender-me.

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