terça-feira, 24 de maio de 2011

FORÇAR O DESTINO


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Há pessoas admirávelmente persistentes! Perseguem aquilo que desejam mesmo quando todos os esforços parecem inúteis! É evidente que aquilo que é admirável nessas pessoas, também pode ser aquilo que as torna aborrecidas e insuportáveis como reverso.
Penso que, por vezes, é preciso forçar o destino para que o destino aconteça.  Às vezes pode resultar. Porque às vezes a insignificância ou a fragilidade das coisas solidifica na mesma medida da intensidade e força com que as agarramos. Porém, a maior parte das vezes serve apenas para serenar a nossa consciência. Pensar que não desistimos  e que  lutamos, é um  tranquilizante que nos permite seguir em frente e facilita o esquecimento do destino que não se concretizou.

A maior parte das vezes em que tentei forçar o destino arrependi-me. Disse-me uma amiga com alguma tristeza. Tende a agir por impulso, com uma certa irracionalidade que lhe é característica. Julgo que é a própria natureza que lho exige como um meio de ultrapassar etapas que se tornaram emocionalmente insuportáveis. A dada altura cai num intenso desespero que resulta da sua insegurânça, numa angustia provocada pela impotência face ao objecto do seu destino e a incapacidade de o alcançar por si só, já que depende da vontade do outro. E nessa fase age de forma radical e agressiva, no bom sentido da palavra. O que daí advém, ainda que possa ser negativo, acaba por se reflectir positivamente, pois sucede-lhe uma quase imediata libertação. Posteriormente racionaliza e sente arrependimento, às vezes até vergonha, porque ainda não entendeu que ao forçar o destino o está a forçar num dos dois sentidos possíveis: aquele que deseja ou aquele que será, independentemente do seu desejo. Porque o força por mero instinto, pois a sua natureza não lhe permite dispender demasiado tempo com destinos incertos, mas no momento em que o força apenas está a prever uma direcção. Sendo certo que sempre aproveitará do resultado, seja ele qual for.

Há na natureza humana uma necessidade de cumprir destinos ou de os abandonar!

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