sábado, 30 de abril de 2011

WE TRUST - ANDRÉ TENTÚGAL

Mais um grande projecto musical português.
Está no ouvido.

PENSAMENTO


Quando estamos demasiado tempo com os olhos fechados, será que estamos preparados para a luz?
"O inesperado está sempre sobre nós!"

PENSAMENTOS DISPERSOS


"Basta estar atento ao príncipio, o fim quase sempre está lá." Ouvi dizer. Nunca tinha pensado nisto, mas poderá ser uma grande verdade!

COISAS PARVAS


- Hoje somos nós os dois e isso é maravilhoso! - Disse o amor.
- Um dia só restará um de nós e isso é assustador! - Retorquiu o medo.

sábado, 23 de abril de 2011

O AMOR NÃO TEM MISTÉRIO ALGUM


Um dia o amor traiu-a. O amor traiu-a e ela não soube perdoar o amor. Arremessou-o para longe. Como quem solta um balão cheio de gás, bem sabendo que este amor jámais voltaria às suas mãos. Passou a vaguear pelas ruas,  pelos dias, pelas noites, pelas madrugadas. Não dormia, simplesmente andava, andava ao acaso. Muitas vezes atravessava a estrada estonteada, sem olhar, podendo ser que, por sorte, um carro sem travões lhe passasse por cima. Que a vida já a havia atropelado, mas via-se obrigada a respirar,  a suportar aquela morte lenta  e agoniada do coração. Certa vez, um condutor atrapalhado chamou-lhe louca, bem alto, no meio da avenida. Ela agradeceu-lhe e voltou para casa. Dormiu profundamente nos dias que se seguiram. 
Soube, então, que não se morre de amor, nem pelo amor. O que morre, é o amor. Que não é a vida que dói, mas aquilo que passa a faltar nela. A desilusão que sentia não era pelo outro, mas por si mesma. O outro era aquilo que sempre fora, ela é que havia criado um outro diferente. Porém, a maioria das pessoas são tão óbvias quanto as marés ou as estações do ano, não fosse a ilusão e a vida seria mais fácil. E menos encantadora, também.

Ainda assim, depois de tudo o que aprendeu, o amor continuou a atraí-la e a traí-la!

E, mesmo assim, ela continua a acreditar no amor!
Diz que quando o amor a traiu pela primeira vez, se desfez para sempre o mistério, é que o amor não tem mistério algum, o amor é o amor e é preciso arriscar tudo por ele.
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Nyc Moves To The Sound Of La - Funeral Party

sexta-feira, 22 de abril de 2011

SAY HI - A BANDA DE UM SÓ HOMEM!

"Say Hi to Your Mom, é uma banda um tanto singular, formada e inteiramente arquitetada pelo cantor e compositor, Eric Elbongen, nascido no sul da California."
"Em algumas turnês, Eric Elbongen conta com o apoio de amigos para o acompanharem em algumas canções, por sua vez, na falta dos mesmos, utiliza máquinas chamadas por ele de “robôs”, que produzem os sons complementares no show."
"Fundou a Euphobia Records para lançar os seus discos."

"As letras compostas por Eric conseguem soar, ao mesmo tempo, intensamente pessoais e completamente opacas, algumas totalmente insanas e outras inteligentes e arranjadas. Todo um universo que é fabricado diretamente do seu quarto, que se encontra actualmente em Seattle. O que o talento aliado a tecnologia pode produzir, hã?!"

Já conta com seis discos, desde 2002 até hoje, mas tudo o que conheço é isto.  A curiosidade levou-me ao youtube onde encontrei alguns videos que muito me agradaram e surpreenderam.

Deixo aqui este de 2010, para amostra.

E também esta deliciosa cover do Violent Femmes - "Kiss Of" 

quarta-feira, 20 de abril de 2011

CARTAS ANÓNIMAS

Gosto de esperar por ti. Gosto quando vens à hora habitual. Gosto quando vens, mesmo que a horas tardias. Quando te espero e não vens, o dia anoitece mais cedo, mas gosto de adormecer a pensar que o amor te vai trazer no dia seguinte à hora a que gosto de esperar por ti. E quando no dia seguinte  as horas passam e não vens, gosto de pensar que andas atarefado e a minha lembrança anda a par contigo para todo o lado, que amor é um modo de sentir que não cabe numa espera nem se esgota na chegada. Encosto-me aos dias a esperar-te, porque gosto de acreditar que virás sempre, mesmo que ás vezes não venhas. E se eu um dia partir, talvez cansada de te esperar, levarei saudades e este gostar de gostar.
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Dust on the dancefloor -The Leisure Society

segunda-feira, 18 de abril de 2011

X-WIFE

Quanto a mim, uma das melhores bandas portuguesas (portuense), a qual tive o prazer de ver na Festa do Avante, vai editar um novo álbum no próximo mês.




Com esta já se salta aqui por casa, aproveitando umas belas mini-férias.

GUTA NAKI

Banda de Lisboa.



Leo, tardou, mas não me esqueci! Entretanto encontrei este mais recente e novo clip, também ele muito bom. Aprecia.

WATERFLIES



Banda de Viseu e Castelo Branco com óptimas e suaves melodias.

THE POPPERS

O país está de rastos, mas a música portuguesa está em alta e só agora é que me comecei a aperceber das coisas que por cá se fazem e se fazem bem.



Banda de Lisboa que irá editar um EP, esperemos que em breve.

COISAS PARVAS

Ainda a lua de Março, em pleno dia
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Tenho a minha maneira de ser bem caracteristica, como todos nós temos.
Valorizo demasiado a minha privacidade.  Passo longos períodos sozinha, mas gosto do convívio. Não gosto de confusões, nem gosto de ser confundida, por isso gosto de espaços amplos - no sentido de não muito preenchidos - e claros - no sentido de transparentes, onde me sinta reconhecida e admirada e onde possa observar com clareza, reconhecer e admirar.
Gosto da simplicidade porque a filtro como uma grandeza.
Gosto de reciprocidade. Não necessáriamente de uma correspondência total e mútua de ideias, ideais ou sentimentos, mas de demonstração de afectos e considerações.
Destesto o desprezo. Poucas pessoas o merecem por muito ruinzinhas que as consideremos.
Adoro dialogar, no verdadeiro sentido de trocar palavras e opiniões.
Gosto de partilhar todo o tipo de coisas, materiais e imateriais.
Gosto de petiscar, de rir, de contar anedotas e de cantar ópera no banho.
Gosto de renovar coisas velhas ao invés de as deitar fora.
Gosto de brincar com as palavras, de lhes dar sentidos ocultos, mais do que um sentido e, sobretudo, de lhes dar sentimentos e vida.
Gosto de seduzir e de ser seduzida, de desejar e fazer-me desejada subtil e discretamente, mas de uma forma intensa.
Gosto de pessoas que não têm medo de arriscar e de viver. E de pessoas que têm medo de arriscar e de viver. Gosto de pessoas.
Gosto do silêncio mas não gosto da ausência.
Gosto da lua cheia. E gosto da lua mesmo quando não está cheia!
Gosto de ti, mais do que da lua.

domingo, 17 de abril de 2011

DIGO-TE A DEUS OU CONTO-TE HISTÓRIAS


(Uma senhora idosa que passou por mim, teve a bondade de partilhar comigo o seu ramo benzido. Disse-me que tinha de o deixar secar e guardar até ao próximo Domingo de Ramos, para dar sorte. O cheiro do alecrim alegrou o meu domingo.)
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Quando acordei sentei-me no bordo da cama com os pés enlaçados a bambolearem, em frente ao espelho onde se via o meu corpo nu. As almofadas espalhadas pelo chão do espelho, os malmequeres sobre a mesinha e um retrato ao fundo junto aos estores corridos. Acordei contigo na cama. Sei muito bem que te tinha ali, posso jurar que ambos os lados do colchão estavam quentes e que ainda respiravas quando abri os olhos. Depois desapareceste! Fiquei muito tempo a ver se te encontrava no espelho, um reflexo filtrado, qualquer coisa que me indicasse que ainda estavas por partir. Tu sabes, embora não prestes atenção, como é duro quando partes, pois nunca sei quando voltas, e eu não sei estar sem ti. Espero-te em silêncio, em silêncio entras adentro pelo escuro do quarto e raptas-me o corpo de repente. O corpo. Há muito que me raptaste por dentro. A alma. E adormecidos conversamos pela noite afora. Mas, mal o dia desperta, tu desapareces e eu fico a dizer-te A Deus.
Depois saltei para o chão, abri a janela e tropecei com a manhã no espelho. A custo abri bem os olhos que se estenderam pelo quarto para ter a certeza de que ali não estavas. Veio-me à memória o teu sorriso quando, deitados no meio dos lençóis, puseste a mão na minha nuca e ternamente me puxaste pelos cabelos indo os meus lábios escorregar nos teus. Posso jurar que assim foi, mesmo que não te lembres, nem prestes atenção.
Fui fazer um café e espreitar a rua. Passavam pessoas que vinham da missa com ramos de oliveira e alecrim. É um vício isto de acordar, fazer café e espreitar a rua enquanto o café se faz. Tenho a certeza que ás vezes passas a noite comigo, embora nunca te veja partir nem atravessar a rua.

QUEM É JAMIE WOON?





Ainda não sei, mas vou ficar à espera de saber. Os vídeos prometem!

FLEET FOXES - HELPLESSNESS BLUES

(2011)
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Encantador.
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Depois de ter verificado a letra de cada uma das canções percebi como a ilustração da capa diz respeito a todas elas e como todas elas dizem respeito a cada um de nós.
Um dos temas principais é a luta entre quem você é e quem você quer ser”, explica Robin Pecknold, o vocalista, “E sobre como, às vezes, a única barreira entre uma coisa e outra é você mesmo.”


sábado, 16 de abril de 2011

THE KILLS - BLOOD PLESSURES

(2011)

Óptimo.



Maravilhosa!

TIMBER TIMBRE - CREEP ON CREEPIN ON

(2011)
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Adorável, do princípio ao fim.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

ELBOW - BUILD A ROCKET BOYS

(2011)
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Delicioso.

TV ON THE RADIO - NINE TYPES OF LIGHT

(2011)
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Menos pesado que os anteriores, mais instrumental, é diferente mas é bom.
Gosto especialmente de "Keep your heart".

BILL CALLAHAN - APOCALYPSE

(2011)
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Confesso que não é como "Woke On a Whaleheart" que em 2007 me fez apaixonar, é menos folk, mas é bom, soa muito bem num fim de tarde calmo.

Destaco "Riding for the feeling".

COISAS DE GAJAS

- Faz-me um favor. - Pediu muito constrangida.- Leva daqui o meu tabaco, tira-mo da frente, que eu já nem consigo respirar de tanto fumar!
- Hoje estás intragável! - Comentei agarrando no maço.
- Fiz-lhe uma declaração de amor, completamente explicita e ele nem me deu resposta! Achas normal? Depois de tanto tempo nesta espécie de namoro!... Nem ai, nem ui!!! Calou-se! Então eu não mereço uma resposta, seja ela qual for? - Disse desolada.
- Claro que mereces, é o mínimo. - Disse eu, num tom baixo, acostada à tristeza que lhe pressentia. - Talvez te tenhas precipitado, partindo de um pressuposto errado...
- Cala-te! - Pediu de imediato. - Tu não digas nada. Não te quero ouvir. Se te pões com as tuas divagações e teorias, vou ficar muito mais arrasada. Faz-me outro favor, fica aí em silêncio, a ouvir-me, que preciso de desabafar. Detesto estas tuas fases de análise e meditação, consegues esmiuçar tudo a ponto de me tirares qualquer argumento e esperança.
- Ok. - Sentei-me de frente para ela. - Então só te digo que os homens têm mentes complexas, comportamentos imprevisíveis e estranhos...
- Assim está melhor! Do que eu preciso mesmo, é de os pôr abaixo de cão para ver se elevo a moral. E proíbo-te de me vires com tretas.
- Mas eu nem sequer estou a criticar, não estou no bota-abaixo...
- Então cala-te! 
E falou, falou, falou!
- O que é que achas? - Perguntou depois de muito tempo.
- Não posso falar! Sabes que se me ponho a falar, se te disser mesmo o que penso, vais ficar pior, acabas a chorar... - Respondi.
- Tens razão. Cala-te.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

ESCLARECIMENTO


Bonita esta frase, não é?
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Devido a duas "reclamações" que me fizeram no respectivo livro, esclareço o seguinte:

- As "cartas anónimas" são pura ficção. São coisas que escrevo pelo simples prazer de escrever. Agarro em algo que ouvi e me tocou - lido com muitas pessoas no dia a dia, a nível pessoal e mais ainda a nível profíssional - e desato a escrever, embora ponha sempre um cunho pessoal, pois é difícil, num texto que escrevo, dissociar a minha realidade da realidade dos outros.

Quanto aos meus amigos/as, sim, são pessoas reais, emotivas, apaixonadas, verdadeiras e muito importantes na minha vida. São companheiras e também uma fonte de inspiração permanente, porque representam um pouco de todos nós enquanto pessoas.

E já agora aproveito para dizer que tudo o que tem o marcador "A contar histórias" é sempre direccionado à mesma pessoa, uma única e concreta pessoa, a minha fonte de inspiração especial e transcendente que me faz permanecer, ficar, manter, dizer, contar e , também, sobreviver este blogue: que me faz ter uma espécie de ligação entre a terra e o céu, entre o céu e o inferno.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

PENSAMENTO

Ainda o céu do Alentejo.
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Aprendi que "os homens não choram", mas o coração dos homens chora muitas vezes dolorosa e intensamente.

CARTAS ANÓNIMAS

O céu do Alentejo
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Eu amava-a tanto! Ás vezes sentava-me na mesa da sala a trabalhar, enquanto ela andava pela casa nas suas tarefas. Sentava-me estratégicamente, escolhia sempre um lugar com um ângulo de visão que me permitisse observá-la. Nesses momentos perdia-me de mim, ficava a vê-la a andar de um lado para o outro, perdia-me de amor e carinho. Invadia-me um forte sentimento de gratidão por a ter na minha vida! Ia para casa mais cedo, com a mala do trabalho que levava por fazer, só para ter esse inexplicável prazer de desfrutar da sua presença, de a poder olhar. Penso que não poderia haver no mundo um homem mais grato do que eu.
Quando ela partiu com outro, com aquele que, afinal, amava, eu morri.
Não penses que te conto isto para que saibas que já atingi o topo do amor, que já não posso ir mais alto, que todo o amor agora é raso. Não, o amor é uma trepadeira, vai sempre subindo enquanto tiver onde se agarrar e o mais importante não é o quanto sobe, mas a força com que se agarra.
Não quero que penses que quando te abraço, ao contar-te estas coisas, o faço como se a abraçasse a ela. Quando te abraço, te aconchego o corpo contra o meu e te seguro nas mãos, estou invadido de ternura por ti. E sinto-me grato por te ter comigo, por te poder contar estas coisas e tu me ouvires com nítida ternura.
Esta noite não dormi. Fiquei acordado a ver-te dormir, a zelar pelo teu sono. De vez em quando aconchegava-te o lençól e parecias sorrir. Por vezes respiravas tão serenamente sobre o meu peito que a vida parecia suspensa num sonho imaginado. Depois inspiravas profundamente, içavas o peito a roçar-me o corpo e eu sentia a realidade a arrepiar-me.
Não quero ter segredos para ti. Sei que tudo é provisório e o futuro assusta-me. Receio pelas coisas que morrem, sinto medo da dor da perda e da desolação da ausência. Mas também sei que em cada novo amor que nasce, há sempre uma certeza de que valeu a pena ter morrido.

INSPIRAÇÕES DE ÚLTIMA HORA

Ainda o Alentejo
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E se a poesia dos outros florisse na minha boca...
quantas coisas eu diria!
Tantas rosas te daria...

terça-feira, 12 de abril de 2011

PENSAMENTO

O Alentejo visto por detrás dos vidros de um carro em andamento (parece uma pintura!)
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Para o amor a grande infidelidade, é o acomodar-se, o deixá-lo perdido sem que se faça o necessário para resgatá-lo do abandono.

COISAS DE GAJAS


A distorção das rosas
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As palavras também se emprestam, o amor é que nunca.
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Esta madrugada tocou o telefone, era uma amiga com quem trabalho, e atendi julgando tratar-se disso mesmo, apesar da hora. Mas não era isso! Precisava que eu lhe dissesse o que haveria de responder a uma certa mensagem, pois havia estado  a noite toda acordada, a trocar mensagens com o homem por quem nutre paixão e encantamento.
Estava pedrada de sono, mas tomada por uma exaltação amorosa extraordinária!
Também eu sentia sono, pois tinha estado até às 03H00 a trocar impressões e conhecimentos de música com o meu filho, a procurar e a ouvir músicas que não conhecia e a escrever coisas sem nexo. Restava-me uma branca na cabeça. Total ausência de raciocínio e de um pingo que fosse, de inspiração!
- Ajuda-me, por favor, só tu me podes ajudar. Diz-me o que hei-de escrever. - Suplicou ela. Mas nada me ocorria! Ao invés de pensar numa daquelas frases poéticas a cercar o ridículo, pus-me a analisar a mensagem recepcionada.

Quando duas pessoas andam na troca de mensagens, textos e músicas românticas, há sempre dúvidas quanto ao significado de tudo aquilo ou de cada uma das coisas . Aquelas que estão apaixonadas tendem a ver tudo cor de rosa e vêem flores por todo o lado, até onde nem existem! Já as cépticas, ainda que apaixonadas, duvidam sempre de qualquer intenção amorosa da outra parte e retraiem-se, dando um passo à frente e a seguir um ou dois atrás!

Logo ela me gritou: - Não quero que interpretes nada, para isso estou cá eu, não me lixes! Só quero que me emprestes as palavras. Inspira-te, deita cá para fora,  que eu escrevo.
Isto porque, ela anda sempre a pedir-me frases emprestadas! E depois diz que sou lírica! Que sou um caso perdido! Faz-me colocar no lugar dela, supôr que estou apaixonada por aquele homem, deixar o ardor florir em palavras que ela vai escrevendo para enviar! No final fica toda contente e diz que sou lírica!
Mas há dias pediu-me para lhe fazer uma frase e eu respondi-lhe que estava descrente o que me retirava a inspiração.
- Mau! - Exclamou! - Detesto quando dizes isso! Seguem-se os discursos racionais, os conselhos práticos e o bota-abaixo! Eu adoro é quando estás lírica.

Mas não ando nada lírica! Estou a atravessar uma fase mais racional, deixo o lirismo para os outros. Agora ando em observação e meditação, o que me torna mais comedida e também mais crítica em relação a tudo. E ela irrita-se comigo quando ando assim, pois não tenho tanta piada, nem lhe faço poemas para poder enviar.

Há pouco ela chamou-me, com um ar gravíssimo, para me mostrar a resposta à dita mensagem.
- Estive o dia todo a pensar, quase duas horas para escrever quatro linhas e cerca de meia hora para ter a coragem de carregar no enter! E agora... já não posso fazer nada! Tudo isto por tua causa!
- Mas, que fizes-te tu? - Quis saber.
- Declarei-me pura e friamente, sem qualquer romantismo!
Li o texto, respirei fundo e disse:- Fizes-te o que tinhas de fazer. É assim que tem de ser, temos de ser nós, genuinas.
- E agora? - Perguntou ela
- Agora seja o que deus quiser!- Exclamei com os braços ao alto... e a rir.

domingo, 10 de abril de 2011

OLHAR


Olhas-me entre a surpresa e o desencanto
e eu fico embaraçado ante esse olhar:
nada podia perturbar-me tanto
como uns olhos roubados ao luar
das noites em que o tempo e o lugar
se faziam de espuma, luz e espanto.
Mas o que importa, sobre a ruinosa
erosão dos desenganos,
é esta força de quem ousa
amar-te acima do passar dos anos.
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- Torquato da luz - 



quinta-feira, 7 de abril de 2011

ALEX TURNER - SUBMARINE

Alex Turner - Submarine EP (2011)
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Alex Turner, dos Arctic Monkeys, lançou este EP que foi produzido para o filme ‘Submarine. Tem belas canções. Destaco "Hiding Tonight".

A VIDA É INJUSTA?

VIII
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Ontem recebi este sms:

"... pesso desculpa pela demora, e que eu todos os dias saio no trabalho e vou a patrao n posso faltar porke tenho 4 filhos para cudar s me descontam faz grande deferenca fico por aki e mt obrigada por td n tenho como pagar so deus vai lhe pagar com saude e sorte ok bjs."

Ri-me com o português e a forma de se exprimir.
Esta mulher é uma ternurice! É uma super-mulher! Está a criar os filhos sozinha com o ordenado mínimo, e a ajuda daqueles que reconhecem e valorizam a dignidade e a humildade como grandezas do ser humano. Tem uma força bruta dentro de si e uma tremenda fé. Se ela diz que deus me vai pagar com saúde e sorte, acredito nela. Porque é nisto que eu acredito. São estas pessoas que me fazem acreditar na vida.

...

Para onde vamos? - VII
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Não sei esperar! Consumo o tempo todo numa espera que sei vã e, ainda assim, posso dizê-lo: não sei esperar por aquilo que, sei, nunca chegará! Nunca soube esperar no escuro! Tenho em mim um formigueiro que me atravessa a alma com passinhos lentos, marcha certinha, como se me estivesse a picotar, a caminhar para o purgatório.
Esta manhã disse: estou descrente. Com a calma das manhãs claras de sol, em que abro as janelas e me comprometo a viver com prazer. Respirei fundo. Arranjei-me como quem arranja um ramo de flores numa jarra e saí para a vida.
Ontem tomei decisões mas não fiz promessas. Não posso prometer às estrelas aquilo que não tenho para lhes dar. Mas posso partir, na esperânça de me encontrar com elas. Porque estou descrente e acredito...

quarta-feira, 6 de abril de 2011

ELA E ELES...

VI
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Ela é uma rapariga engraçada, deve ter uns 32 anos e o marido é um borracho e deve ter a mesma idade. Eles eram um casal perfeito. Ela até dizia, com algum regozijo, que o marido era muito apaixonado, a tratava como uma princesa e a fazia muito feliz. Era agradável a forma como ela falava dele e até invejável!
Mas, há uns dias atrás, o amante dela, que também era um borracho apaixonado pela felizarda, ao ter conhecimento dum segundo amante, sentiu-se traído e, tomado de ciúmes, telefonou-lhe a marcar encontro mesmo à porta do trabalho da dita.
Lá vai o terceiro borracho - tanto borracho, uma pessoa até fica emborrachada! - ao encontro do segundo. Os dois, que até eram amigos, travaram-se de razões e pegaram-se numa feroz luta, mesmo em frente à amada e a todos os trabalhadores do comércio local. Tal foi o arrufo, que acabaram os dois amantes no centro de saúde a tratrar os hematomas e arranhões e, ao que consta, a injuriarem-se na sala de espera.
Sucede que um deles,  não se contendo, agarrou no telemóvel e ligou ao marido da rapariga a contar-lhe toda a história. 
O rapaz, a tremer de ciúmes e de ódio, dirigiu-se ao centro de saúde para tirar satisfações com os seus melhores amigos. Sim, os três contemplados eram, entre si, os melhores amigos. A coisa foi ao rubro! A desordem foi total! Acabaram os três na esquadra, onde dormiram em celas separadas!

Moral da história: Esta rapariga era uma felizarda! 

terça-feira, 5 de abril de 2011

CARTAS ANÓNIMAS

Fonte da Telha - IV
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Sabes bem que não mereço nem a ponta de uma saudade. Que tudo é perdido em mim desde o amanhecer ao deitar, desde o respirar ao sentir.
Abandonei-te um dia, à primeira contrariedade. Deixei-te apenas uma tristeza miserável e pedinte, um vidro lascado e encravado no coração.
Voltei a ti, por arrojada insistência tua ou mero capricho meu, para te abandonar de novo. Não te dei satisfação, nem volvi sinal aos apelos contantes que disparavas no meu peito. Não por indiferênça, não por crueldade, somente porque não sabia dizer-te, senão em silêncio, que não me pertenço. O meu amor não é teu, nem é meu. O meu amor é sozinho.
Sabes bem que não mereço nem a ponta de uma ternura. Que não sou de confiança. Que só voltarei a ti para te abandonar outra vez. Despejar-te nas veias o fel e despojar-te os mais fieis sentimentos. Assim o sabendo, que pretendes? Que alucinação te guia?
Consumir-te-ei, triturar-te-ei as entranhas mais profundas, acrescerei desejo ao teu desejo e mais dor à tua dor. Restará somente a raiva, depois o cansaço e, por fim, talvez a libertação!
Voltarei a ti. Haverei de abandonar-te como é meu costume. Acabarás por me odiar e depois esquecer. 
E seremos felizes para sempre.  

PARTIR

Tarde de domingo -Fonte da Telha III
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Ás vezes é preciso arriscar, ir ao encontro daquilo que nos aguarda ou agrada, quiçá quebrar as asas, cair no mar e naufragar, quiça chegar ao topo da montanha.
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Alguém disse que o mais importante na vida não é o tempo que respiramos, mas os momentos que nos cortam a respiração.
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Tenho vontade de viver, de sentir a respiração a falhar e o coração a bater como se fosse um bombo no meio de uma fanfarra.

QUE É DE TI?

Praia da Fonte da Telha - ontem - II
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"Uns têm a sina de sonhar a vida.
outros de a colherem"

- Miguel Torga -

De tanto sonhar, por vezes esqueço-me de viver.
É à noite que o amor mais apetece.
É na penumbra que me ponho a tecer sonhos.
E acordo de madrugada já vestida para o dia.

Que fiz das mãos
com que haverei de colher a vida?

segunda-feira, 4 de abril de 2011

ÁS VEZES, A VIDA PARECE UM FILME!

Graffiti encontrado na praia - Fonte da Telha - I
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Até onde nos pode levar a paranóia alheia?
Até onde nos pode levar a paciência, ou a falta dela?

Na semana passada, andava eu a deslocar-me pé-ante-pé, agachada atrás dos carros, junto ao meu escritório, quando ouço a minha colega perguntar-me: - Que estás a fazer? Endoideceste?
Fiz-lhe sinal para se calar e seguir fingindo não me ver.
- Pareces uma maluquinha! - Comentou, mas seguiu. Deveria parecer uma maluquinha e de facto, assim me sentia! Mas, na verdade, andava a tentar chegar ao meu carro sem ser vista por um individuo. E isto está a tornar-se um hábito.

Tudo começou no dia de São Valentim de 2010. Recebi a primeira mensagem de amor anónima. A partir daí, muitas, diáriamente, se sucederam. Fiquei intrigada e a imaginar que se tratava de uma certa pessoa. Grande filme! Enfim, nem sempre somos racionais. Porém, percebi que era impossível e acabei logo por descobrir que era um homem que vive no meu prédio e que, estranhamente me aparecia em todo o lado. Nítidamente perseguia-me para todo o lado! Um dia ligou-me e supliquei-lhe que me deixasse em paz, o que não aconteceu. Um outro dia subimos juntos no elevador e, de repente, reconheci a voz. Passei um periódo muito mau por via dele. Até hoje finjo que não sei de nada, já não falo com o vizinho, mas cumprimento-o naturalmente, para evitar que ele toque pessoalmente no assunto. É melhor assim.
Nos últimos dois meses ele não trabalha, deve estar de baixa psiquiátrica, digo eu. Portanto, sobra-lhe todo o tempo para andar atrás de mim. Se me sento num café, ele senta-se na mesa da frente. Durante as manhãs e as tardes fáz piscinas na rua do meu escritório que é pequenina, por isso, sou obrigada a deparar sempre com ele. Vou às compras e saio das lojas, ele está à porta! Vou ao Continente a um quilómetro da minha casa, sigo com o carrinho das compras e ele segue-me por entre as os corredores travessos! É um absurdo! Agora, quando saio com o cão, lá vou escondida por entre os carros e os prédios e troco-lhe as voltas, já não posso ir para o baldio! Já não posso fumar à janela, porque ele está, quase sempre, lá em baixo, de plantão, a olhar cá para cima e a acenar com a mão. Ainda por cima tem um ar tão apaneleirado! É de enlouquecer! Verdadeiramente! Quando vem para falar comigo viro logo costas. Já o tratei mal, mas não serviu de nada. Ele acha que eu lhe estou destinada, penso eu, pelo teor das mensagens!

Ontem à tarde, estava eu na praia, sózinha como gosto, num momento de pura delícia, a tirar fotografias e ouço a voz dele bem perto do meu ouvido. - A tirar fotografias às suas florinhas? Até estremeci! Quais minhas florinha! Filho da P.! Senti uma tão grande vontade de lhe dar com a máquina - que é pesada - na cabeça, uma raiva tão profunda!... Não sei como me contive! Abalei para o carro e ele foi atrás de mim. Uma praia tão grande, com tanto carro e o dele estava, precisamente, estacionado ao lado do meu! Incrível! Entrei, dei à chave, fiz marcha atrás e pedi a Deus que ele não se pusesse a jeito, porque a minha vontade, naquele momento, era passar-lhe por cima!!! Pronto, ok, exagerei! Não, não sou violenta. Mas até onde pode ir a paciência de uma pessoa? Como é que alguém pode intervir na nossa vida por forma a suscitar sentimentos tão negativos!

Mandar mensagens, não é crime. Só temos é que mudar de número.
Perseguir, sem tocar, não é crime. Só temos é de mudar de cidade. Quando muito podemos pedir uma providência cautelar de afastamento, mas é preciso suar muito até se conseguir isso.
Se eu der umas cacetadas no individuo, cometo o crime de ofensas à integridade física de outrém!
Deixo-me enlouquecer ou bato-lhe?

Ás vezes, a nossa vida parece um filme!

domingo, 3 de abril de 2011

PENSAMENTOS DISPERSOS

O pombo indiferente ao voo das gaivotas
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Ontem uma amiga pediu-me para a acompanhar na visita a um apartamento, com o propósito de compra. Há muito que o casamento está falido, atingiu aquele nível de agressividade em que só já falta um degrau para atingir o ódio e o amor, ou aquilo que resta dele, se transformar  num animal raivoso.
Apartamento luxuoso, bonito, com apenas um quarto, sala, cozinha e wc, pelo preço de € 145.000,00. Era lindo, mas pequeno e caro. Ela ficou encantada e a fazer contas à vida para aferir das suas capacidades económicas. Não é demasiado pequeno? Muito luxo e pouco espaço? Onde vais meter os teus filhos? Respondeu-me que os filhos ficavam com o pai. E como vais contribuir para o sustento deles? Respondeu que o pai ganhava muito mais do que ela. Que não podia descer de cavalo para burro, sair duma vivenda de sonho e meter-se num apartamento rasca. Já sabia, há muito que repete a mesma história. E, então, perguntei-lhe onde iriam ficar os miudos nos dias em que estivessem com ela, onde dormiriam, que espaço lhes reservava. Disse-me que não queria pensar nisso, poria um beliche em qualquer lado, logo se veria, tinha era de pensar nela e resolver a sua vida. Fiquei perturbada. Como pode uma mãe dissociar a sua vida da vida dos seus filhos?
O que foi? Perguntou ela. O que foi?! Perguntei eu.
Com tanto apartamento razoável e com preço mais acessível, onde pode ter um quarto para cada um dos miudos, criar-lhe um espaço próprio com privacidade, para que possam desenvolver a sua própria identidade e esta mãe só pensa nela, só pensa na decoração, no seu cantinho de luxo! Que materialismo!
Ficou ofendida comigo, as lágrimas vieram-lhe aos olhos e disse-me: isto não é materialismo, é idealismo. No meu ponto de vista, o ilealismo é algo subjectivo que se prende com a fantasia - sonhamos o que idealisamos lutamos pelos nossos ideais com vista a torná-los realidade na medida do possível. Se sonhamos com bem estar físico descurando o lado emocional, arredando aquilo que é essencial a qualquer ser, os filhos, o dever de lhes proporcionar um crescimento saudável física e emocinalmente, estabelecer harmonia entre o físico e o espiritual, para que possam tornar-se adultos estáveis e equilibrados com fortes conceitos familiares e socias...
É puro materialismo! Todos nós idealisamos casas bonitas, bons carros... etc. E cada um deve procurar viver o melhor dentro das suas possibilidades mesmo tendo os seus ideais.
Zangou-se comigo. Mas, mais tarde acabamos a tomar um café juntas, com um ar um pouco pesado, como o tempo. Somos amigas. Ás vezes fico com os filhos dela e sinto uma pena imensa deles, não sei bem de quê ou talvez saiba.
Somos todos diferentes uns dos outros e cada um vale o que vale. Tenho dificuldade em entender esta mulher! Esforço-me. Aceito-a, apesar de andarmos sempre às turras.
Mas penso que cada um vale o que vale não por aquilo que mostra cá fora, mas por aquilo que guarda lá dentro, não pela casa que tem, mas pelos sentimentos que revela.

sábado, 2 de abril de 2011

DESABAFOS

Ainda o meu pombo preferido, que é muito fotogénico.
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Acordei ressacada e com a cabeça a zunir. Penso que mais pelo excesso do tabaco do que pelo excesso do álcool. Levantei-me como se tivesse um tambor em cima dos ombros, nem a água abundante me aliviou do toque das sinetas na nuca. É bem feito! Tenho de proíbir as minhas amigas de virem cá a casa às sextas à noite.
Fui à padaria que é também charcutaria e mais não sei o quê, uma casa que prima pela qualidade e só vende coisas especiais, mesmo aqui em baixo. O dono tem sempre dois dedos de conversa comigo, essencialmente política, eu, que até nem gosto de política dou sempre dois dedos de conversa ao homem porque é muito agradável conversar com ele. Tem de provar as novas bolachas, disse ele. Mas eu nem gosto de bolachas, são muito doces e enjoam e ele sabe que eu nunca lhe provo nem compro bolachas. Mas insistiu tanto, aveia, naturais, um saborzinho a canela e espetou-me com elas na mão. Agora, para acompanhar, um aperitivo, também novo cá na casa, chegadinho directamente de Setubal. Vinho licoroso. E vai de encher um copo. O quê?! Eu a dizer, não, não, não bebo a estas horas. A cabeça ainda a bombar! mas a estas horas é que se bebe o licoroso, antes do almoço, explicou-me. E espetou-me com o copo na outra mão. Não tive cara de dizer ao homem que estava com uma ressaca desgraçada, eu até nem bebo (licoroso, claro)! Ai!! Que dor na cornadura!
Quando acabei de comer e de beber estava tão agoniada com tanta doçura e o vinho subiu-me de tal maneira à cabeça, que só queria era chegar a casa e esticar-me! 
Pior ainda quando cheguei a casa e acendi o primeiro cigarro! Parecia uma bomba! Só não explodi porque não estou na Líbia!

Mudando de assunto, está a fazer um ano ou fez um ano, que pus o meu primeiro sonoro e foi o mais bonito de todos. Quando o consegui colocar fiquei feliz como uma criança, não só porque pensava que nunca ia conseguir perceber como é que se fazia, mas também porque me permitia transmitir emoções através da música que não tinham expressão na escrita com a mesma intensidade, passando a ser um complemento. Então aqui está ele de novo para recordar esses momentos que vivi com grande encanto.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

COISAS PARVAS

O meu pombo preferido, pousado na minha janela à conversa comigo.
- Em que pensas? - Perguntou ele.
- Que gostava de ter respostas às perguntas que não faço! - Respondi eu.
- E tu em que pensas? - Perguntei-lhe eu.
- Que gostava de ser um pombo correio. - Respondeu ele.

POESIA PARVA!


A noite passada acomodou-se em mim,
Esperou, esperou,
passou.

No interior da palavra a subtil dança.
Esta noite danço,
dançamos?

Lá fora arrefece,
cá dentro aquece.

WILLIAM FITZSIMMONS - NOVO VÍDEO



Mais uma bela música para encantar os ouvidos durante o fim-de-semana.

NOVO VÍDEO DE JAY-JAY JOHANSON



Lindo!