quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A VIDA É INJUSTA


Fui agora mesmo levar uma amiga à estação dos combóios (não, não é a do post abaixo, esta é outra amiga). Vai passar uns dia fora, pois deu entrada com o divórcio e precisa de sair do ambiente familiar, pelo menos até as coisas acalmarem e ele decidir seguir o seu próprio caminho. Pediu-me para ir entregar as chaves da casa e do carro a casa da mãe dela. Assim fiz. Cumprimentei a senhora e perguntei-lhe se estava tudo bem. "Tudo mal"! Respondeu ela. E desatou a chorar. E começou a lamentar-se como se a desgraça lhe tivesse caído em casa! Enquanto isso, a filha partia com um enorme sorriso de felicidade e bem-estar! As mães são assim! E as filhas também! As mães foram educadas para suportarem tudo, para um casamento eterno e, talvez por isso, tenham adquirido estratégias de vida que lhes permitam ser felizes, ou não! Não sei! Ás vezes penso que os casais modernos não se esforçam para tornar o casamento eterno! Talvez precisem de namorar, de se reencontrarem de vez em quando. As filhas chegam a uma altura da vida em que sentem necessidade de recomeçar, de partirem em busca da felicidade. Porque as filhas não encontram estratégias de vida que lhes permitam ser felizes sem um recomeço!

Pessoalmente andei alguns anos a tentar definir estratégias para tornar o meu casamento eterno. Até prometi à minha mãe, nos seus últimos meses de vida, que tudo faria para tentar salvar o meu casamento. Creio que fiz o que pude. Mas reconheço que o casamento se faz a dois, é uma relação cumplice e solidária. E, a maior parte do tempo, é uma ralação!

Quase todos os casais com que me relaciono estão já divorciados ou em processo de divórcio. E os que o não estão não são felizes! A felicidade amorosa existe. E até pode ser duradoura. Sei-o por experiência. O grande problema não é não sabermos como mantê-la, pois todos nós sabemos. O grande problema é querermos mutuamente mantê-la. Pois exige um grande esforço. No início, quando tudo é novidade, paixão e amor, vamos lidando com o outro, tomando conhecimento dele, com alegria e tolerância. Com o passar do tempo, acostumamo-nos ao outro e vamo-nos acomodando a uma certa monotonia e até falta de exaltação amorosa. Surge a decepção. Depois a intolerância. E depois é o que se sabe! É o funeral do amor.

Todos nós sabemos que a única forma de mantermos o amor vivo e de saúde é não nos deixarmos cair na monotonia e na intolerância. Para o efeito é necessário manter o carinho e mimar, alimentarmos o corpo e a alma com muito companheirismo. O que requer respeito mútuo. Só conseguimos respeitar o outro quando aceitamos as diferênças e nos esforçamos para conviver com elas. É terrivelmente dificil, mais do que as aceitar, viver com elas. Felizes são aqueles que o conseguem. Muitos casais separam-se porque pensam que vão encontrar a felicidade com outras pessoas. Porém é certo que tudo acabará de igual forma. A menos que encontrem um par com o qual seja mais fácil o empenho e o esforço de ser feliz.
Penso que os casais deveriam fazer terapia familiar. Acredito na terapia familiar. E adoro a mediação familiar que é bastante identica, mas com outra vertente. Enquanto a terapia familiar visa salvar a relação amorosa com vista a manter os laços, a mediação visa resolver os conflitos existentes aquando da ruptura, com vista a uma separação não conflituosa, possibilitando um relacionamento amigável ou cortês, salvaguardando os interesses de cada um e os da própria família.
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Mouthful of Diamonds - Phantogram

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