terça-feira, 25 de janeiro de 2011

PELO SONHO É QUE VAMOS


Esta tarde tive à minha frente um garoto de vinte anos que já tem dois filhos, um com quatro e outro com dois anos (!), a chorar como uma criança com as amarguras da vida. Está na hora de acabar com o fatalismo, quatro dias chegam - disse para comigo. Afinal, saberei eu o que quero? Talvez saiba ou talvez não. Em boa verdade só quero ser feliz. E para além dessa verdade uma outra verdade. Só tenho de deixar a vida acontecer da forma que tiver de acontecer. Termino a tarde tranquilamente com um pouco de poesia que aqui deixo.


Já és minha.
Repousa com teu sonho em meu sonho.
Amor, dor, trabalho, devem dormir agora.
Gira a noite sobre suas invisíveis rodas
e junto a mim és pura como âmbar dormido...
Nenhuma mais, amor, dormira com meus sonhos...
Irás, iremos juntos pelas águas do tempo.
Nenhuma viajará pela sombra comigo, só tu.
sempre viva. sempre sol... sempre lua...
Já tuas mãos abriram os punhos delicados
e deixaram cair suaves sinais sem rumo...
teus olhos se fecharam como
duas asas cinzas, enquanto eu sigo a água
que levas e me leva.
A noite... o mundo... o vento enovelam seu destino,
e já não sou sem ti
senão apenas teu sonho...

-Pablo Neruda-

...
Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.
E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.

- Cecília Meireles -


O meu amor não tem
importância nenhuma.
Não tem o peso nem
de uma rosa de espuma!
Desfolha-se por quem?
Para quem se perfuma?
O meu amor não tem
importância nenhuma.

- Cecília Meireles -

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei. A poesia e... o resto.
Milhões de beijos.
Lin Xung